Temporada final de The Seven Deadly Sins tenta ser grandiosa, mas não consegue
O anime The Seven Deadly Sins (Nanatsu no Taizai), finalmente chegou ao seu final, depois de quatro temporadas e dois longas-metragens (o mais recente estreia na Netflix dia 1º de outubro). A última parte da série, inspirada no mangá escrito e ilustrado por Nakaba Suzuki, e que foi publicado de 2012 a 2020, estreou no final de setembro (também na Netflix), figurando no Top 10 do catálogo de streaming. Isso só demonstra o quanto o público brasileiro tem apreço por essa animação, que iniciou muito bem, mas entregou um final “OK” para Meliodas, Elizabeth, Hawk e os demais protagonistas que acompanhamos desde 2014.
A história da segunda parte do “Julgamento do Dragão”, título desse arco, mostra logo de cara um Meliodas quebrando facilmente as maldições impostas para ele e para Elizabeth, o que sempre foi o seu objetivo de vida (revelado na terceira temporada). Porém, o encantamento maldito volta para a membro do Clã das Deusas, fazendo com que Elizabeth não possa ir para o Reino dos Demônios junto do capitão dos Sete Pecados Capitais, iniciando a batalha final contra o Rei Demônio, o pai de Meliodas. Esse plot toma grande parte dos 12 episódios, mostrando a redenção de Zeldris, o irmão mais novo de nosso protagonista, assim como o trabalho em equipe dos nossos sete heróis para derrotarem o vilão, bem ao estilo anime com vários personagens principais se juntando no último episódio, como a cartilha recomenda. Porém, descobrimos ter um segundo momento crucial para a trama, com direito a (novo) plot-twist e tudo.
É aí que o final da quarta temporada de The Seven Deadly Sins se perde um pouco. Não trilhando um caminho para esse clímax, que mesmo sendo uma expressiva reviravolta, perde relevância ao colocar no centro da atenção dois personagens que o espectador nem lembrava mais, mas que os mais atentos sabiam que precisariam de um encerramento para os seus ciclos (sugiro assistir ao episódio 21, da terceira temporada para entender melhor essa revelação). A verdade é que a história criada por Suzuki nunca soube lidar com tramas paralelas, deixando muito tempo o foco em apenas um lugar ou determinado personagem, fazendo com outras figuras se tornassem descartáveis ao longo das temporadas. Prova disso foi o último episódio, que mostrou todo mundo que já apareceu no anime, só para refrescar a nossa memória. Contudo, na primeira parte da quarta temporada, esse problema havia sido atenuado.
Ainda falando desse segundo final, ele até promete ser algo grandioso, mas suas consequências são resolvidas tão rapidamente e de um jeito pouco épico, o que acabou soando como uma ideia mal aproveitada. Outro fator que pode incomodar, desta vez voltando ao primeiro final, foi a quantidade de “poderes novos” utilizados pelos protagonistas. Tirando o “Reação Total”, Os Sete Pecados Capitais quase não repetem os seus golpes de batalha, fazendo com que uma nova legenda apareça a cada ataque disparado. Em uma luta final, o que você espera é ouvir aquele “Kamehameha!”, “Meteoro de Pégaso”; “Rasengan”; “Gomu Gomu No” ou vá lá, até mesmo um “Hadouken” que seja. Como ao longo de todas as quatro temporadas, conhecemos pouco sobre como os Pecados ganharam os seus poderes ou de seus treinamentos, não tivemos essa sensação do aprendizado de uma “técnica mortal”, que geralmente vemos durante a Jornada do Herói.
Ah… e claro, não poderia terminar este texto sem falar da animação, que continua decepcionando em vários momentos, assim como já vimos várias e várias vezes desde a mudança de estúdio a partir da terceira temporada. Também queria deixar registrada a minha indignação com os visuais criados para Meliodas ao longo de todos esses anos. Tirando o “look garçom”, nenhum outro traje do cara é bonito de se ver, seja ele demônio, rei, forma suprema, etc. Não tenho a menor vontade de comprar nenhum action-figure dele.
Mas claro que uma temporada de despedida teria as suas qualidades também. A principal delas é o episódio final, que fecha um ciclo e inicia outro, como sempre indicou a tatuagem de “Ouroboros” presente no braço de Meliodas. O dragão mordendo a própria cauda simboliza a eternidade e a repetição desses ciclos, demonstrando que vamos ver essa história se repetir várias e várias vezes, mas com novos membros e novas aventuras. Aliás, isso já está acontecendo, pelos menos no mangá, já que o autor da obra original está publicando, desde janeiro de 2021, Mokushiroku no Yon-shiki (Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse). Desta vez temos Tristan, o filho de Meliodas e Elizabeth como protagonista, além, é claro, dos rebentos dos outros Pecados também (originalidade mandou lembranças).
Só para não deixar passar, Escanor rouba a cena mais uma vez, assim como sempre fez ao longo das suas participações pontuais a partir da segunda temporada. O Pecado do Orgulho consegue em menos tempo de tela ser mais cativante do que todos os outros, só perdendo para Meliodas e Ban. Em contrapartida, Elizabeth perdeu todo o “Girl Power” que prometia ao final da terceira temporada, para ser apenas a curandeira do grupo e bancar a enfermeira sempre que alguém voltava ferido de uma batalha.
No final das contas The Seven Deadly Sins é uma história sobre Amor, fazendo com que todas as motivações de seus personagens sejam passionais. Desde o vilão mais cruel de toda a Britânia, até o plot-twist mais mirabolante, todos foram influenciados por uma paixão. Prova disso é o último episódio, que parece mais um capítulo de novela do que de um anime. Como diria o poeta, “O Amor move montanhas”.
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