CríticaFilmes

Assassinato no Expresso Oriente | Crítica

Os fãs da escritora Agatha Christie que esperavam pela nova adaptação do clássico literário Assassinato no Expresso Oriente podem ficar tranquilos. O diretor e ator Kenneth Branagh (Hamlet, Frankenstein de Mary Shelley, Thor, Jack Ryan: Operação Sombra), ao seu melhor estilo, consegue fazer jus a obra original, reunindo um grande elenco e iniciando o processo de pavimentação de um novo universo no cinema. A obra, que estreia no Brasil no dia 30 de novembro, atualiza o conto e homenageia a clássica primeira adaptação de 1974, dirigido por Sidney Lumet e que trazia em seu elenco nomes como Albert Finney, Sean Connery, Jacqueline Bisset e Ingrid Bergman. Ou seja, é uma versão digna da sessão em sala grande.

Daisy Ridley é, certamente, uma das suspeitas

O romance foi publicado originalmente em 1934 e já está ganhando suas devidas novas edições nas livrarias. A leitura é daquelas quase que obrigatórias da literatura mundial. A história – como muita gente já sabe – traz o enredo do crime cometido em um ambiente fechado, onde todos são suspeitos. Mas Branagh, que esse ano também já foi visto em outros filmes, como Dunkirk, como já se imaginava, faz a sua montagem própria. E na introdução já vemos com destaque a apresentação de seu personagem Hercule Poirot (sim, como falamos, ele é o diretor e personagem principal do filme). Ele dá vida ao protagonista, que é um Sherlock Holmes com Transtorno Obsessivo e Compulsivo (TOC) fortíssimo pelo equilíbrio das coisas. Após resolver um crime em Jerusalém, ele terá que prestar seus estimados serviços em outro local. O que ele não esperava era que no meio do caminho, o seu trem, o Expresso Oriente, que liga a Ásia à Europa, lhe traria um caso complicadíssimo. Até mesmo para ele. Em uma avalanche que interrompe a viagem, um assassinato vai envolver as mais diferentes personalidades.

Michelle Pfeiffer: alguma dúvida que ela tem cara de suspeita?

E aqui somos apresentados ao grande elenco que foi reunido. Preste atenção: Daisy Ridley (a Rey de Star Wars), Leslie Odom Jr., Tom Bateman, Penélope Cruz, Josh Gad (Frozen e A Bela e a Fera), o já não tão amado assim Johnny Depp, Michelle Pfeiffer (Mãe!), Judi Dench (Victória e Abdul – O confidente da rainha) e Willem Dafoe. Não é pouca coisa. Cada um deles será suspeito pela morte de Edward Ratchett (Depp) e você pode apostar que muitas reviravoltas vão surgir.

Judi Dench e Olivia Colman. Com essas caras, só podem ser suspeitas.

O mérito da versão de Branagh é que tudo condiz muito com a ideia original. A fotografia, o figurino e os personagens caricatos estão no seu estilo da melhor forma, tal qual se imagina ao ler o livro, ou mesmo quando lembramos daqueles clássicos jogos de mesa onde cada um desempenha um papel: a idosa rica, a professora simples, o advogado, o policial disfarçado, a devota, o médico, enfim. Arroz de festa em produções, seja como ator ou diretor, o inglês impregna sua marca teatral e com aquela pegada, digamos assim, “shakespeariana” e monta um cenário perfeito, cheio dos caprichos. O problema é que o filme perde um pouco da vivacidade durante a busca pela resolução do crime, ficando um pouco arrastado em sua trama central. Mas nada que não seja retomado na hora de Hercule Poirot dar o seu show de deduções e elucidar tudo aos espectadores.

Para o leitor mais atento de Agatha Christie, ainda fica a dica no final. O personagem Poirot está em pelo menos 34 obras da escritora, e já podemos imaginar que ele voltará em um futuro próximo com a adaptação de Morte no Nilo. Quem ganha é o público.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *