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1922 é o mais puro Stephen King em forma de filme | Crítica

E mais um filme baseado em um livro de Stephen King estreou na Netflix. Depois de produçōes como Nevoeiro e Jogo Perigoso, produzidos pelo canal de streaming, tivemos a estreia de 1922. (Sem contar IT, que foi uma das grandes bilheterias do ano, mas daí é outra história). Se formos resumir esse filme em uma palavra, ela seria: perturbador. Isso mesmo. Esse filme de suspense faz aqueles que têm o estômago mais fraco virarem a cara em algumas cenas.

Dirigido por e roteirizado por Zak Hilditch, o filme conta a história de Wilfred James (Thomas Jane), um fazendeiro que vive com a esposa Arlette (Molly Parker) e o filho Henry (Dylan Schmid) numa propriedade interiorana, longe de tudo. A vida deles está, na medida do possível, tranquila. Até que Arlette recebe uma herança do pai. Terras que mais que dobrariam a fazenda em que moram. Para Wilfred, estava muito claro: eles iriam ficar com as terras. Mas Arlette, que sonhava em ser estilista, queria vender e recomeçar a vida na cidade. Depois de muitas brigas, Wilfred cria um plano macabro para assassinar a esposa e para isso, precisa da ajuda do filho.

Narrado todo em primeira pessoa, pela perspectiva de Wilfred, o filme surpreende. Com excelentes atuações, destacando Thomas Jane (que já havia participado de duas adaptaçōes de Stephen King – O Nevoeiro de 2007 e O Apanhador de Sonhos, de 2003) e de Molly Parker (que desempenhou um papel tão bom quanto em House of Cards). Os trejeitos de Wilfred roubam a cena e dão veracidade e profundidade ao enredo simples, mas muito bem construído. A independência e os sonhos de Arlette, de viver um mundo e oferecer ao seu filho uma nova realidade nos comovem. Dylan Schmid, que deu vida ao jovem filho do casal, também consegue dar tom ao menino interiorano e inseguro de 14 anos. Os dilemas sobre seguir a ordem do pai e matar a mãe, mas, ao mesmo tempo, procurar redenção, são emocionantes.

A produção do filme também merece elogios. Com uma fotografia impecável, utilizando luzes e um ar bem sombrio, figurinos e alocaçōes bem representados, e uma trilha sonora envolvente, o filme nos remete ao tempo e ao espaço em que eles se encontravam. Tudo criou um bom envolvimento com a premissa de 1922.

Mas o ponto mais alto deste filme é o suspense psicológico. Vemos até onde a mente humana pode ir, principalmente por ganância e os reflexos que isso pode ter na vida da pessoa. E 1922 não é um filme de ação, ele se torna um longa parado, mas, para quem se interessa por terrores psicológicos, essa pode ser uma boa pedida. O filme só peca inserindo um arco com dois personagens desnecessários e um drama dispensável quase em seu final, mas recupera o fôlego. No geral, essa foi a melhor adaptação de Stephen King para o serviço de streaming. A Vigília indica mas avisa: você ficará perturbado.

Veredito da Vigilia

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