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10 filmes que são uma aula contra o racismo, parte 1

Em um momento em que o mundo todo debate a violência contra o povo negro, a Vigília não poderia ficar de fora. O debate, na verdade, pode estar chegando com atraso (ao mesmo tempo que nunca deveria sair de pauta), mas não importa. Em um país onde 75,5% das vítimas de homicídio são negras, na maior proporção da última década, o tema racismo mais do que nunca precisa tomar todas os níveis de discussão. Ainda mais quando esse índice vem subindo a cada ano. Filmes sempre são uma ótima forma de abordar o racismo.

Os recentes casos do menino João Pedro, baleado por policiais DENTRO DE CASA, e de George Floyd, brutalmente assassinado por um policial que já o tinha contido (nos Estados Unidos), infelizmente se repetem a cada dia. Isso sem contar o caso de Evaldo dos Santos Rosa, músico de 51 anos, que teve seu carro atingido por 80 TIROS vindos de oficiais do Exército.

Sobram argumentos e exemplos trágicos para mostrar que o racismo ainda persiste.

No cinema, a arte imita a vida, retratando essa realidade, ao mesmo tempo que nos ensina muito a respeito.

Confira a parte 1 da nossa lista de filmes que são uma aula contra o racismo:

1- Infiltrado na Klan (Blackkklansman, Spike Lee 2018)
John David Washington perfeito em um filme de Spike Lee

Um dos melhores filmes de 2018 foi dirigido por Spike Lee, que mais uma vez mostrou toda sua acidez. Injustiçado no Oscar, Infiltrado na Klan conta a história real de um policial negro que conseguiu se filiar à Ku Klux Klan nos anos 70. John David Washington deu vida a Ron Stallworth, e Adam Driver se passou por ele em sua versão frente aos supremacistas brancos na cidade de Colorado Springs. Surpreendente e cheio de críticas sociais ao governo derrotado de Trump, ele coloca o dedo na ferida e ainda traz informações recentes de como o racismo persiste na sociedade. Poderia muito bem ter sido lançado esse ano.

2- Tempo de Matar (Time to Kill, Joel Schumacher, 1996)

O sempre excelente Samuel L. Jackson

Um filme que mostra com muita voracidade como uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos lida com a vingança de um pai negro (Samuel L. Jackson) que teve sua filha pequena cruelmente violentada por dois homens brancos. A produção mescla um thriller tenso com o clássico filme de tribunal, onde um destemido advogado (Matthew McConaughey) bate de frente contra a corte e toda a sociedade. É chocante em vários sentidos. E segue dando tapas na cara de quem assiste até hoje.

3- Corra! (Get Out!, Jordan Peele, 2017)

Corra: Uma cena que já virou ícone do cinema atual

Com Corra! o diretor Jordan Peele saiu de uma posição duvidosa, por ter sua carreira até então pautada por esquetes humorísticos, para se lançar como um dos mais importantes diretores de sua geração. E indo em direção ao terror, ele entregou em Corra! um filme com diversas camadas para se interpretar, sempre tendo como foco o racismo impregnado na sociedade norte-americana. Vale a pena assistir mais de uma vez para pegar todos esses detalhes. Com esse sucesso, Peele já prometeu: só fará filmes com protagonistas negros. O que nos leva ao próximo filme da lista.

4- Nós (Us, Jordan Peele, 2019)

Lupita está incrível em “Nós”

Outro injustiçado no Oscar, “Nós” (Us) é um terror ainda mais cheio de camadas do que Corra!, o primeiro filme de Jordan Peele. E aqui ele coloca uma família inteira negra para protagonizar, dando a oportunidade para a excelente Lupita Nyong’o (Pantera Negra) mostrar ao mundo uma de suas melhores interpretações. E se Corra! já valia reassistir, “Nós” vale bem mais, pois certas informações colocadas no filme são sutis e mais difíceis de absorver. Um segundo soco no estômago com mensagens raciais e políticas, nunca esquecendo o terror e certas doses de gore!

5- 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave, Steve McQueen, 2013)

Chiwetel Ejiofor protagonizou o angustiante 12 Anos de Escravidão

O diretor Steve McQueen relembrou o quanto são profundas as marcas tristes da escravidão ao redor de todo o mundo. Sua obra mostrou que o sofrimento dos que viveram essa página triste da história não tem fim. O drama 12 Anos de Escravidão levou o Oscar de Melhor Filme e de Melhor Atriz Coadjuvante para Lupita Nyong’o, além de Melhor Roteiro. Nele vemos um homem livre das amarras da escravidão ser novamente açoitado e vendido, mas retornando após 12 anos de seu desaparecimento. Incrível e chocante, mas obrigatório.

6- Django Livre (Django Unchained, Quentin Tarantino, 2012)

Cristoph Waltz e Jamie Foxx formaram uma dupla e tanto em Django Livre

Quentin Tarantino entra na lista com uma de suas obras mais marcantes. Embora Bastardos Inglórios também pudesse figurar aqui, focamos no protagonismo dos personagens negros, liderado por Jamie Foxx, e acrescido de uma novamente marcante atuação de Samuel L. Jackson. Django, um agora caçador de recompensas vai atrás de seu amor e usa seus talentos (juntos de companheiros de estrada) para recuperar de um irritante fazendeiro, aquela que já foi o amor de sua vida. Mas ele terá muitos problemas até lá, inclusive lidar com obstáculos indevidos.

7- Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures, Theodore Melfi, 2016)

Um trio que provou seu valor em uma época ainda mais complicada

Mais um belo longa para honrar essa lista. Estrelas Além do Tempo traz a história escondida dentro de um dos principais projetos da NASA na década de 1960. Nada menos do que a atuação direta e contribuição para levar o primeiro estadunidense ao espaço. Infelizmente nós sabemos o porquê a história ficou tanto tempo escondida. A velha desigualdade racial que até hoje ecoa em nossa sociedade. Felizmente tivemos a adaptação da realidade para fazer um pouco de justiça. Se naquela época já era difícil ser mulher, imagina então ser uma mulher negra. Mas Katherine G. Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughn (Octavia Spencer) e Mary Jackson (Janelle Monáe) mostraram seu valor. Mesmo intimidadas por todo o contexto e o ambiente que as cercavam, foram brilhantes e deixaram muito marmanjo de queixo caído.

8- Luta por Justiça (Just Mercy, Destin Daniel Cretton, 2019)

Em 2020 (pode parecer mentira) tivemos a estreia nos cinemas deste clássico filme de tribunal com o combo completo: o trabalhador, negro, pobre do interior do Alabama, é injustamente acusado de um assassinato brutal em sua comunidade. Na ânsia da Polícia em “resolver” o crime, o rapaz (Jamie Foxx) é preso e passa um bom tempo na prisão. Tudo baseado em não uma, mas várias histórias reais. O elenco conta com Michael B. Jordan (Pantera Negra), Jamie Foxx (Em Ritmo de Fuga), Brie Larson (Capitã Marvel) e Tim Blake Nelson (Watchmen). A direção é de Destin Daniel Cretton, responsável por Shang Chi e a Lenda dos 10 Anéis, o filme do Mestre do Kung-Fu da Marvel.

9- Moonlight – Sob a luz do luar (Moonlight, Barry Jenkins, 2016)

Um filme sobre como o mundo nos afeta

O filme que surpreendeu a todos e marcou época no Oscar, com a clássica confusão com La La Land. Longe de ser um filme tradicional, ele se ampara na vida de uma criança negra que cresce à sombra do racismo e das dificuldades familiares. Um ambiente conturbado, segregador, mesmo que no celebrado “primeiro mundo”. Vemos a história de Chiron, sofrendo em casa, na escola, depois na adolescência e mais tarde na vida adulta, sempre com alguns escapes importantes junto ao amigo Juan (Mahershala Ali, condecorado com o Oscar de Ator Coadjuvante), que se mistura ainda de forma trágica à sua história. É um filme que cozinha em fogo baixo várias angústias. E no final das contas, nos deixa, da mesma forma, ainda mais angustiados e feridos.

10- Se a Rua Beale Falasse (If Beale Street Could Talk, Barry Jenkins, 2018)

Nosso mundo para Regina King

Recentemente também tivemos um filme original da Netflix com a assinatura de Barry Jenkins, de Moolinght. O ganhador do Oscar, dessa vez, reuniu um elenco tão bom quanto o de Moonlight, com direito a Regina King levando a estatueta do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, pouco antes de entrar em Watchmen da HBO. Na trama, uma jovem vive a sua gravidez enquanto ela e sua família tentam provar que seu amor de infância não cometeu um crime do qual é acusado.

E a pergunta incômoda que fica é, porque esse mote tanto se repete no cinema? E incomoda mais ainda saber que são na maioria das vezes, apenas o reflexo da nossa realidade.

Gostou da lista confira também a parte 2 dos Filmes que são uma aula contra o Racismo!

Vidas Negras Importam!

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