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Pantera Negra | Crítica

Nos momentos de crise, os sábios constroem pontes e os tolos constroem barreiras. Provavelmente muitas das críticas que você vai ler sobre Pantera Negra terão essa frase. Um provérbio nigeriano que não está aqui por acaso. Preferi colocar uma das últimas lições do filme logo no início do texto justamente para que o recado possa ficar ainda mais em nossas mentes. Nossos corações e mentes. Assim como o filme deverá ficar também e, desde já, galgar seu lugar no pódio dos melhores filmes da Marvel. Justamente no ano em que celebramos 10 anos de Marvel Studios. O feito e a responsabilidade, então, são enormes. Mas não vamos nos ater a qual posição Pantera Negra ocupará nesse pódio. Não agora, no calor do momento. O certo é que representatividade, política e lideranças chegam com medidas certeiras em um filme que não esquece de divertir e entregar momentos heroicos. Mais uma área do mapa geral do mundo Marvel está estabelecida, com suas místicas e características. E ela vai ter um grande impacto nessa geografia global para sempre.

Ryan Coogler dirigindo o ‘Pantera’ Chadwick Boseman. Créditos: Matt Kennedy

Depois dos eventos de Capitão América: Guerra Civil, T’Challa (Chadwick Boseman) passa pela cerimônia de coroação. É dele o trono de Wakanda, uma nação escondida de todo o mundo. Uma nação fechada e que de certa forma se omite de suas possibilidades enquanto pertencente à um mundo onde todos nós vivemos. Um mundo com problemas, preconceitos, barreiras e que poderia ter, desde sempre, a ajuda de um povo muito mais desenvolvido. Mas Wakanda se fechou, com medo de mudar em função desse mundo louco. O que é compreensível. E essa ideia é transmitida com clareza, ao mesmo tempo que estabelece o principal conflito do filme. Um conflito que carrega um segredo do rei morto, e que trará todas suas consequências, negativas e positivas. E isso guia as principais motivações da trama, fazendo com que a simples dualidade do bem contra o mal ganhe outros contornos. Não é tudo preto no branco. Há tons de várias cores e razões que ultrapassam as barreiras simplórias ou binárias de 0 e 1. O que fica evidente na construção do principal vilão, Erik Killmonger, na pele do excelente Michael B. Jordan.

Na pele de Erik Killmonger, Michael B. Jordan, entrega um dos grandes vilões da Marvel Studios. Ao seu lado W’Kabi (Daniel Kaluuya). Créditos Film Frame.

Mas antes do mote principal temos o retorno do vilão Ulysses Klaw (Andy Serkis), que vai fazer as engrenagens andarem e nos entregar as primeiras cenas de ação, a primeira amostra de que o novo rei e suas seguranças, as Dora Milaje, podem fazer. Essenciais, elas são um dos pontos altos do longa. O girlpower também começa por aqui, e, é um verdadeiro tiro. Aliás, é quase impossível achar um ponto fraco no filme. Vamos resumir no carregado CGI que governa todas as batalhas e a forma em que se estabelece o retorno de um rei destituído pela lei e tradições de Wakanda (diferente do que vimos na vida real, por aqui). Ainda assim, dá pra se encantar com algumas coreografias e movimentos. Na trama de contrabando de Vibranium iniciada em Vingadores: A Era de Ultron, temos também o retorno de Everett Ross (Martin Freeman), que terá também sua contribuição. Já o lado cômico, mas não menos empoderado da história, fica por conta de Shuri (Letitia Wright). E ela vai te conquistar também, assim como Okoye (Danai Gurira) e Nakia (Lupita Nyong’o). Aliás, o elenco todo é um trunfo. Ainda temos Forest Whitaker como Zuri, Angela Basset como Ramonda, Daniel Kaluuya como W’Kabi e Sterling K. Brown como N’Jobu. É pra fazer inveja para qualquer diretor.

Mas Pantera Negra vai além, e é uma conquista do diretor Ryan Coogler, que consegue dar subtextos marcantes e valorizar cada personagem. Ninguém está na tela por acaso e muitas vezes o protagonista é precisamente isolado. Tudo em função da trama bem amarrada e do peso, de consequências sérias e que mostra que os erros do passado afetam o futuro e que as pessoas podem ser mais iguais e menos diferentes. Essas consequências são tão sérias que T’Challa precisará lutar para retomar o trono de uma forma dramática. E por mais que ele seja uma vítima, seu opositor trará pontas de razão a todo instante, permitindo que a cisão de Wakanda seja mais do que compreensível. T’Challa com isso passará pela clássica jornada do herói, e vai aprender com o inimigo.

O Girlpower fica por conta de Okoye (Danai Gurira), Nakia (Lupita Nyong’o) e Ayo (Florence Kasumba). Créditos Matt Kennedy

Pantera Negra traz tanta coisa pra se discutir que vai certamente ganhar muitas mesas de debates. Além de easter-eggs do mundo Marvel, traz também easter-eggs do mundo afrodescendente dentro do roteiro. Questões que transportam discussões sérias de nosso mundo atual (política contra refugiados, fechamentos políticos, segregação e raízes históricas de escravidão, etc.). Tudo isso com muita, mas muita personalidade. É um filme fórmula Marvel com assinatura, e que vai ser visto por muito tempo. Wakanda já é eterna em nossos corações. Um recado forte para muitas pessoas. Um grito para o mundo. E claro, não saia antes das cenas pós-créditos.

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Veredito da Vigilia

2 thoughts on “Pantera Negra | Crítica

  • Copiando os amigos na saída da sessão; “10 de 10″…

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