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Vou Nadar Até Você: drama familiar que não deu certo | Crítica

Encontrar o pai era o maior sonho de Ofélia, uma jovem fotógrafa que vive com a mãe em Santos, São Paulo. É sobre isso que trata Vou Nadar Até Você. O primeiro filme da carreira de Bruna Marquezine estreou na segunda-feira, dia 19 de agosto, na Mostra Competitiva do Festival de Cinema de Gramado.

Com uma premissa um tanto quanto curiosa, Vou Nadar Até Você, de Klaus Mitteldorf, é arrastado, fora de ritmo e tem erros expressivos de execução. Afinal, o fato da menina decidir nadar até o pai, de Santos até Ubatuba, em um trajeto de mais ou menos 230 quilômetros, poderia ser uma grande metáfora. Mas o caminho percorrido tanto pela personagem quanto pelo filme, deixam tudo muito enfadonho e nada poético.

Bruna Marquezine é uma protagonista morna. Não temos uma grande atuação, e nem de longe esse é o seu papel mais marcante. A jovem atriz teve seu corpo explorado ao máximo, sendo hipersexualizada e mostrando seus seios em cenas em que a nudez não era nem um pouco necessária. Fazem parte do elenco também Fernando Alves Pinto, que vimos em cena em Legalidade, fazendo um fotógrafo aliado do pai de Ofélia, Tedesco, vivido por Peter Ketnath. O personagem de Fernando Alves Pinto segue Ofélia e se torna o rei do disfarce, sumindo e aparecendo em cena, sem dificuldade nenhuma.

Uma fotógrafa que não usa a cordinha? Isso não existe!

Vou Nadar Até Você deixa muitos desconfortos no público. Em primeiro lugar, pela escolha de roteiro. Afinal, por que fazer um trajeto nadando se a protagonista poderia ir de carro? E, se a ideia é ela nadar, por que ela passa tanto tempo caminhando/pegando carona/usando balsas? Até carona em caminhão de lixo ela pega.

Além disso, a personagem andava sempre com a mesma roupa, em um período de tempo que não conseguimos precisar direito, sem a roupa estar molhada ou suja. O cabelo dela segue hidratado e pelo visto, o litoral de São Paulo deve ser muito seguro, já que ela anda e dorme em qualquer lugar com uma câmera cara na mochila. É difícil de entender o porquê de uma casa abandonada no meio do mato ter eletricidade e, apesar de não ter nem porta, existia um projetor ligado na tomada e totalmente conservado. São coisas que parecem subestimar a inteligência do espectador.

Todos esses defeitos se tornam mais visíveis com a falta de ritmo do filme. Nem as belas imagens do litoral paulista feitas pelo drone salvam a morosidade de Vou Nadar Até Você. Definitivamente, esta não foi a melhor maneira de Bruna Marquezine entrar no cinema. Vou Nadar Até Você é cansativo, tem uma péssima linearidade e um final surpreendentemente ruim.

Veredito da Vigilia

Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto

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