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Um Lugar Silencioso | Crítica

Já pensou em viver um mundo onde ao fazer o menor dos ruídos você pode estar colocando sua vida em risco? Um lugar onde não há chances para um susto, um grito, um sinal, uma música… nada. Assim é Um Lugar Silencioso (A Quiet Place), filme dirigido e estrelado por John Krasinski, que estreia no Brasil no dia 5 de abril, onde monstros gigantes caçam os responsáveis por qualquer coisa que possa ser medida em decibéis. E é assim, num mundo quase pós-apocalíptico, onde a humanidade está quase extinta, que encontramos Lee (Krasinski), Evelyn (Emily Blunt) e as crianças Marcus (Noah Jupe, Suburbicon e Extraordinário), Regan (Millicent Simmonds) e Beau (Cade Woodward), embora pouco importe o nome de cada um dos personagens, afinal, ninguém vai poder chamar pelo nome de ninguém.

Tudo em família: Krasinski dirige a esposa Emily Blunt

Desde o início tudo fica bem construído e claro. Como nos clássicos filmes de contágio zumbi, temos uma contagem. O número de dias desde os primeiros incidentes na terra. Começamos com poucos, mas logo teremos muitos desses dias. Essa é a primeira investida de Krasinski como diretor no gênero de suspense/terror. Para deixar tudo em família, ele também trouxe a esposa Emily Blunt (No Limite do Amanhã, Sicário e a futura Mary Poppins da Disney) para encarar esse pesadelo e dar um peso ainda mais especial para a obra. Calcados na missão de não deixar os filhos pequenos errarem ou emitirem qualquer ruído, eles vão perceber que essa será uma tarefa traumatizante. Ainda mais se um deles não tiver audição.

Em “Um Lugar Silencioso” é silêncio ou morte.

Como a maioria vai poder associar, o filme lembra a pegada do melhor estilo de Cloverfield (os bons, não o último que estreou na Netflix), onde não sabemos ao certo o que aconteceu ou o que pode acontecer. Tudo fica subentendido, algumas coisas nas entrelinhas. Os vilões também vão lembrar a criatura gafanhoto criada na franquia de J. J. Abrams. A elas eu acrescentaria alguns traços ainda de Demogorgons (Stranger Things). Tudo isso sem perder a originalidade. Um Lugar Silencioso é envolvente e único. As situações que vão se desenhar não são daquelas de deixar o espectador adivinhando. Nada de obviedades. Além de sobreviver no silêncio, a trama vai trazer mais alguns itens importantes, como uma nova gravidez e a crise de relacionamentos entre pai e filhos. E se os personagens não podem gritar, talvez alguém na cadeira em frente à tela de cinema possa tomar essa liberdade.

Pés descalços sempre. Um ruído pode ser fatal.

Como não temos grandes diálogos, a narrativa vai se encarregar de enriquecer cenários e situações com imagens que expressem tudo que será necessário. Com isso, ganha-se na fluência e no ritmo de absorção. Vemos, sentimos e passou. Tudo fica mais automático. E esse é o grande brilho da ideia executada por Krasinski. A angústia criada é crescente, premiando Emily com uma de suas melhores aparições nos últimos anos. Ela oscila a mãe doce e protetora com momentos de real sofrimento, e por fim, bravura. Aos filhos cabem as cenas de teimosia, tensão e redenção.

Uma plantação, durante a noite, nunca é bom sinal em um filme.

O trabalho de descrever Um Lugar Silencioso é de certa forma ingrato. É uma peça muito mais sensorial e automática, tal a forma que foi desenvolvida. E embora um ótimo suspense/terror, encerra com algumas soluções mais tradicionais, além de deixar uma pontinha de que poderemos revisitar o mundo onde não se pode ter som. Não fosse o desfecho simplificado demais, teríamos um novo clássico do gênero. Mas a derrapada final não tira os méritos de um belo filme. Krasinski deve melhorar e investir na carreira atrás das câmeras.

Veredito da Vigilia

3 thoughts on “Um Lugar Silencioso | Crítica

  • Daisiana Brisola Martins

    Cara, to doida pra assistir. Meu grande questionamento é: então não há sons no filme? Hahahhahhahahhahahahahha

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    • Robson Francisco Nunes

      Tem sim, mas em momentos bem especiais

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      • Daisiana Brisola

        Então, já vi que vou assistir com o coração na mão!!!

        Resposta

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