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Noturnos: uma justa homenagem à Vinicius de Moraes | Crítica

Com estreia marcada para quarta-feira, dia 21 de outubro, às 22h, no Canal Brasil, Noturnos é uma (das raras) e nova série brasileira de terror. Inspirada em contos de Vinicius de Moraes – você não leu errado! – a produção tem a assinatura de Caetano Gotardo e Marco Dutra (Todos os Mortos, Boas Maneiras).

A novidade logo de cara consegue construir uma atmosfera interessante. Em uma noite de tempestade, os atores da Noturna Companhia de Teatro se veem ilhados no dentro do teatro em que eles ensaiam. Sem poder sair dali, angustiados com o que está acontecendo na rua, eles decidem contar histórias de terror para distrair. É assim que a companhia de teatro sai do ambiente dos palcos e coxias e nos leva para ambientações bem diferentes, com temáticas e visuais distintos entre si. Isso acontece porque cada história é retratada por um “diretor diferente”, fazendo com que os episódios pareçam ser ilustrados sob a ótica de cada ator que conta a história.

O elenco de Noturnos é um grande acerto. Em especial, Andrea Marquee, que vive Joana, Ana, e outros personagens. Como a atriz nos confirmou em entrevista, Joana tem uma personalidade porosa e absorve um pouquinho de cada história contada para si. Com grande presença em cena, seja no palco ou em qualquer outra alocação, Andrea dá um tom interessante para a série, com tudo girando em torno dela. O restante do elenco também entrega, em especial, Rafael Losso, Ícaro Silva (Legaliza Já: Amizade Nunca Morre, Coisa Mais Linda) e Thaia Perez. Marjorie Estiano (Sob Pressão), a queridinha do público, faz uma personagem peculiar no episódio que traz o maior plot twist da temporada. É sempre um bom ver Marjorie em cena.

Marjorie Estiano na série Noturnos, no Canal Brasil
Marjorie Estiano interpreta a personagem com o maior plot twist da temporada

Apesar de ser uma série estilo thriller psicológico, que flerta com o gore (no melhor sentido), Noturnos é muito importante por nos fazer perceber que o maior tipo de terror, nós passamos todos os dias. Todas as histórias tinham um pano de fundo com uma mensagem social muito forte. Racismo estrutural, homofobia, feminicídio e desigualdade social, por exemplo, foram algumas das pautas abordadas com a alegoria de várias histórias de fantasia. É uma maneira muito interessante de trazer a crítica social e que vimos tão bem colocada recentemente em Lovecraft Country.

Os seis capítulos de Noturnos acontecem sob um ritmo lento, de quem conta uma história repleta de detalhes. Mas nem tudo é o que parece. Muita coisa fica subentendida e isso é uma boa jogada dos criadores. A dica é assistir um episódio por vez, sem maratonar, para curtir lentamente os acontecimentos.

Noturnos é uma boa série. O trabalho feito pelos atores e diretores é cru, angustiante, reflexivo. Mas parece que a produção foi limitada por falta de orçamento. Falta algo em sua qualidade técnica, principalmente na captação da imagem, em alguns momentos em que vemos o zoom ser colocado para a câmera ficar mais fechada, por exemplo. E isso estraga um pouco a experiência.

Mas Noturnos cumpre o que se propõe e é uma série interessante para quem gosta do gênero. Com toda certeza, os fãs de Vinicius de Moraes não ficarão desapontados. É uma justa homenagem. Acompanhe no Canal Brasil ou na Globoplay.

Veredito da Vigilia

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