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Não Olhe: terror, tensão e fantasmas | Crítica

“Não Olhe” (Look Away) estreia no dia 28 de fevereiro em todo o Brasil. Um prato cheio para quem gosta de thrillers que misturam tensão psicológica, contos sobrenaturais e uma dose de terror com erotismo. Não é exatamente o filme definitivo do gênero, mas reúne os ingredientes necessários, com aquela pegada adolescente. E para essa mistura, o diretor israelense Assaf Bernstein trouxe para a trama principal a atriz India Eisley, que deve começar a despontar em obras um pouco mais conhecidas (ela está em uma série da HBO com Chris Pine, chamada I Am The Night), o veterano Jason Isaacs (The OA, A Cura) e Mira Sorvino (Poderosa Afrodite).

Logo de cara vemos a típica família que busca a perfeição. O clichê do médico rico e obcecado pelas aparências vivido pelo pai Dan (Isaacs), a dona de casa reprimida Amy (Mira Sorvino) e a filha Maria (India), de 18 anos que é tímida e bonita, mas depressiva na escala 10. Obviamente, tudo tem uma explicação, e elas serão fornecidas ao longo do filme. Com apenas uma amiga e sofrendo bullying da pior forma dos colegas do high school, vamos vivenciando o dia a dia de Maria. Uma vida rica em materialidade, mas pobre em carinho, atenção e diálogo. A apresentação é eficaz e logo ficamos com raiva da personagem que não se impõe para nada, assim como de seus pais e colegas. Tudo como precisa ser.

Sempre em tons escuros, jogando com o preto e branco e um clima bem frio, “Não Olhe” começa com cenas que podem incomodar. Esse jogo com as cores binárias é um pouco do retrato e uma transposição de uma ecografia, onde se vê logo de cara um útero com duas crianças. O suficiente para o mais observador matar a charada do que está por vir.

Jason Isaacs sendo ‘Jason Isaacs’ em mais um filme de suspense

A sofrência de Maria aumenta até o ponto de que ela começa a interagir com a própria imagem no espelho. O que parece alucinação, torna-se cada vez mais real, proporcionando pequenos sustos e imagens que enriquecem o clima de suspense. Até que a sua própria imagem se revela como Airam (sim, o nome dela espelhado, essa saída não foi nem um pouco criativa) e toma seu lugar. A partir daí, o mundo choroso de Maria será revolucionado da pior forma. Apesar da sua personalidade refletida ter a coragem de fazer o que ela nunca fez, ela também vai mostrar seu pior lado. É aí que as coisas saem do rumo em definitivo, mesclando toques de O Anjo Malvado (1993) com uma espécie de Loira do Banheiro (mas nada trash ou cômico).

“Não Olhe” se utiliza de várias imagens estilo flashback para dar o background necessário e amparar o espectador das possibilidades e respostas de tudo que está se passando com Maria e sua família. Embora as respostas não sejam totalmente satisfatórias (é proposital), fica fácil perceber que algo de muito ruim sempre atordoou a sua família. O ápice das situações são colocados pela própria personalidade maligna da protagonista. Ao mesmo tempo que maltrata pessoas, quando se vê refletida percebemos que alguém luta – insistentemente em vão – para frear a série de maldades que estão acontecendo diante de seus próprios olhos. E isso envolve ser ruim até mesmo com quem mais lhe dava atenção.

É interessante pensar que a história nos leva para alguns caminhos sem volta e quase surpreendente não chega a um final que nos prepare para o início de uma franquia de terror. Muito embora isso possa acontecer, não colocaria minha mão no fogo por uma continuação de “Não Olhe”. Não teria estofo para tanto.

O mistério é mantido até o final, e nele, talvez a escolha de roteiro e direção não sejam as que mais possam agradar ao público. Mas é sempre interessante que você possa tirar suas próprias conclusões.

Veredito da Vigilia

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