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Mulan é visualmente lindo, mas narrativamente fraco | Crítica

Toda vez que a Disney divulga uma mega-produção para adaptar um de seus desenhos clássicos em live-action, eu fico com dois corações. Normalmente a ideia tende a ser boa, mas, infelizmente, a execução tem deixado a desejar. A exceção talvez tenha sido Mogli, o Menino Lobo. E infelizmente, Mulan segue a tônica de Aladdin, O Rei Leão e A Bela e a Fera. Tudo muito bonito, mas com a história deixando a desejar, ou não encantando tanto quanto poderia.

Mulan estreou na sexta-feira, dia 4 de setembro, no Disney+ e teve um investimento estimado de 200 mil dólares (mais de um bilhão de reais). Mas como tudo esse ano, também teve seu planejamento alterado pela pandemia do novo coronavírus. O que seria um blockbuster de verão nos Estados Unidos, acabou virando uma estreia esporádica, dentro da plataforma de streaming da Disney, com o porém de que além da assinatura, o filme precisa ser alugado por 29,99 dólares (especulações indicam que no Brasil o valor deve ficar em R$ 112,00). E aí, você pagaria esse valor?

Yifei Liu está incrível no papel, mas a história adaptada de Mulan ficou muito rasa

Agora, especificamente falando, o filme dirigido por Niki Caro (O Zoológico de Varsóvia), é visualmente lindo. Enquadramentos, cores, cenas, efeitos especiais, está tudo devidamente no lugar. Como toda a grande produção da Disney, não há como contestar esses aspectos. No entanto, enquanto narrativa, Mulan foi mais uma chance desperdiçada. Com uma hora e 55 minutos de filme, a sensação após assistir o live-action é de que faltou desenvolvimento para vários núcleos. A apresentação da personagem é rasa, assim como a dos inimigos. Inclusive, os antagonistas parecem habitar um clichê um tanto incômodo, surgindo quase que sem propósito.

Böri Khan (Jason Scott Lee) e Xianniang (Gong Li) são inimigos sem propósito

A protagonista, embora quase perfeita, interpretada pela atriz Yifei Liu (O Reino Proibido), necessitava de mais oportunidades de superação. As lacunas foram apresentadas, mas não foram preenchidas de forma convincente. É claro que vemos nela a preocupação com a família e sua honra, e que ela é um fenômeno da natureza amparada por seu Chi. Mas seu protagonismo se perde no momento mais revelador. Quando o poder e o grande recado do filme deveria surgir, ele aparece solto, desvalorizado…. perdido na facilidade com que ela resolve os problemas nos últimos embates. A batalha da avalanche é problemática, principalmente do ponto de vista geográfico. Da forma que tudo acontece, nem mesmo percebemos um certo amadurecimento da protagonista. As ações são rápidas e não demonstram algum senso de urgência ao espectador. Em nenhum momento você vai ficar preocupado com Mulan e sua trama, pois está sempre evidente que ela não terá problemas em resolver suas situações.

No final das contas, esse novo live-action acaba sendo muito mais uma grande e linda embalagem de uma história já contada. E por mais que tudo seja muito parecido com a animação, é a matéria-prima que acaba sempre se sobressaindo à sua releitura. Uma pena se considerarmos todos os contextos de produção e dramatização.

Veredito da Vigilia

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