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Divertido, Capitã Marvel não decepciona | Crítica sem Spoilers

Nem tanto ao céu, nem tanto a terra. Capitã Marvel não surpreende tanto quanto Pantera Negra (2017), tão pouco oscila como Thor (2011), mas entrega um filme ao nível da personagem dos quadrinhos em sua versão (importante destacar) de Carol Danvers, agora oficialmente apresentada ao Universo Cinematográfico da Marvel (UCM) na pele da oscarizada Brie Larson. Em duas horas e quatro minutos percorremos a adaptação da origem da personagem em um filme que aposta muito no humor, sem esquecer do girlpower, embora ele não seja tão latente quanto se poderia imaginar. A obra dirigida pela dupla Anna Boden e Ryan Fleck não tem vergonha de escrachar e recria os anos 90 contando uma época até então não vista no UCM. Segure a pipoca, pois a Marvel não tem mais vergonha em usar a sua geografia intergalática. E claro, não saia da sala antes de duas cenas pós-créditos que (novamente) conectam os 10 anos de filmes da Marvel Studios.

Em Capitã Marvel vemos logo de cara um cenário fora da Terra, onde a heroína em formação parece distante de sua própria gênese. Mas é em Hala, planeta dos Kree que ela age (há algum tempo) como uma espécie de militar junto a sua equipe ‘Starforce’. Ao seu redor, como visto nos trailers, temos um grupo bem diverso. Não vou entrar em detalhes e nomes para não estragar as surpresas, mas muito dos quadrinhos está presente por lá, além de algumas pontas já apresentadas em 2014 com Guardiões da Galáxia Vol. 1 (James Gunn).

Em um comparativo um pouco deslocado e apelando para a Distinta Concorrência (sim, estou falando do universo cinematográfico da DC Comics), vemos a origem da Capitã Marvel ao estilo do que vimos em Homem de Aço (Zack Snyder, 2013), não com o início, meio e fim da personagem, mas ela já consolidada e com sua história sendo apresentada em memórias, flashbacks e até mesmo uma estranha exploração neural por parte dos alienígenas da raça Skrull. Esta última parte um tanto quanto esquisita. Como estamos nos anos 90, esta exploração lembra muito um videocassete rebobinando.

Uniforme Kree para uma quase Kree

Apesar de apresentar desafios interplanetários, o tom cômico que já conhecemos da Marvel Studios está bem presente. Carol Danvers está sempre usando o humor como arma, assim como o jovem Nick Fury, que é basicamente um Nick Fury da zoeira (e sempre é bom ver Samuel L. Jackson mostrando sua versatilidade). O quadro “engraçadinho” também ganha força no papel de Ben Mendelsohn, que vive o skrull Talos. Vale a pena ressaltar que mesmo quando sua forma está coberta de maquiagem e a pele verde característica da raça alienígena ele consegue transparecer humor e ironia. Jude Law e até mesmo Goose, o gato, também aparecem em situações bem cômicas. Funciona bem se você gostou da levada de Thor: Ragnarok (Taika Waititi). Já se você tem problemas com essa pegada, o filme pode não ser tudo que você queria.

Talos: Ben Mendelsohn rouba a cena mesmo embaixo da maquiagem

Por ser o primeiro filme solo de uma heroína da Marvel ganhando as telonas, muito se apostava em um girlpower lá no alto. Mas o longa está longe de erguer alguma bandeira de forma mais visceral. As cenas estão postas e as mensagens também, mas ao que parece, muito longe de ser um panfleto escancarado. Carol e Maria Rambeau (Lashana Lynch) mostram do que são capazes, embora algumas cenas resolvem de forma muito rápida problemas bem graves, tal como comandar uma nave adaptada e se jogar ao espaço. Este é outro ponto que salta aos olhos, embora estejamos assistindo um filme que acerta em cheio o tom Sessão da Tarde, expressão cravada na nossa cultura popular.

Maria Rambeau (Lashana Lynch) e Carol Danvers (Brie Larson) formam uma grande dupla

Para os fãs, várias surpresas vão aparecer e a forma de apresentar determinados personagens (Annette Bening) são também uma homenagem ao protagonismo feminino. E como falamos de um Universo de 10 anos de filmes, veremos (novamente) que tudo está conectado. O pós-créditos promete deixar os mais assíduos com um belo sorriso no rosto. O revés entre raças alienígenas também foi uma bela surpresa. Vale ressaltar também que é importante estar acomodado na cadeira do cinema desde os créditos iniciais. Não se atrase no banheiro ou na fila da pipoca.

Esse momento é todo nosso, embora a trilha sonora possa desvalorizar

Com a máquina quase toda bem arrumada, percebemos que o entretenimento de Capitã Marvel em momento algum nos deixa realmente preocupado com tudo que está se passando. Por vezes, até mesmo a trilha sonora dos anos 90 serve mais para reforçar o humor ao invés de ressaltar o perigo que poderia rondar a personagem. Esse talvez seja o grande problema em se ter uma personagem tão poderosa. Apesar de vibrar com seu esplendor (e você vai vibrar), vai ficar aquela sensação de que qualquer desafio é pouco para a Capitã. Por isso, a introdução de Carol Danvers no UCM não passa de um bom aperitivo para o que está por vir. É em um futuro próximo que queremos ver o símbolo intergalático da Marvel mandando ver.

A Capitã Marvel volta em Vingadores: Ultimato (e vamos lá, isso não é um spoiler).

Veredito da Vigilia

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