CríticaFilmes

A Maldição da Chorona: terror sem surpresas | Crítica

O mundo do cinema de terror acaba de ganhar mais um espírito, fantasma ou só personagem mesmo. Isso porque estreia em todo o Brasil no dia 18 de abril A Maldição da Chorona (The Curse of La Llorona) filme de diretor estreante Michael Chaves. E como muitos podem imaginar, a produção da Warner Bros. Pictures e da New Line chega para expandir um multiverso de ícones do gênero que vem se perpetuando nos últimos anos. Bem produzido e com seus momentos de inspiração, A Maldição da Chorona cumpre seu papel como cinema de entretenimento, mas desperdiça uma mitologia inspirada em uma lenda mexicana com aqueles momentos de humor que destoam da trama e acaba não surpreendendo em suas propostas.

Ao vender o filme na última ScareDiego (a Vigília estava lá), um braço da San Diego Comic-Con (SDCC) em 2018, Michael Chaves estava ao lado do produtor James Wan (nada é por acaso). Aluno e professor pareciam afiados em mostrar o clima do filme e pouco mais de 500 pessoas presentes no auditório saíram de lá satisfeitas com a proposta. Tudo já apontava para um possível entrelaçamento de mundos e personagens já vistos nas telonas.

A atriz Linda Cardellini, pela primeira vez encarando o gênero, também mostrou entusiasmo, e bem na verdade, ela consegue entregar perfeitamente a sua personagem Anna: mãe de dois filhos, viúva, assistente social que se envolve em um estranho caso do que foi interpretado como maus-tratos de uma mãe com, igualmente dois filhos. Esse último núcleo familiar com descendência mexicana, e conhecedora da “mitologia da Llorona”. Mas antes de sermos apresentados ao núcleo base do filme, temos as mais impactantes cenas do filme, logo em seu prólogo. O filme começa com o pé na porta.

Uma maldição, uma casa grande, crianças… um prato cheio para o terror

Um dos méritos de A Maldição da Chorona é ser dinâmico. A direção e a condução do filme não enrolam e vão contando de maneira fácil tudo que o espectador precisa. E logo percebemos nosso envolvimento com Anna (Cardellini) e seus filhos Chris (Roman Christou) e a pequena Samantha (Jaynee-Lynne Kinchen). Perseguidos pelo espírito da Chorona, em pouco tempo estamos imersos em um filme de casa assombrada. Tudo ambientado na Los Angeles dos anos 70, o que os fãs mais atentos também já poderão levar em conta na hora de reconhecer o tal “entrelaçamento de histórias” proposto. Tudo leva a crer que nas bandas da Warner Bros. Pictures e New Line, quem sabe mesmo montar um universo coeso com easter-eggs e auto-referências é o produtor James Wan (alô DC, deixa ele comandar o universo dos quadrinhos também). Embora por aqui, essas deixas propositais funcionem muito mais como um fan-service.

Linda Cardellini (de Vingadores e Freaks and Geeks) agora mandando bem no terror

A partir daí temos um festival de jumpscares, a maioria bem empregado, diga-se de passagem, que vão aumentando a angústia dentro da sala de cinema. Infelizmente, essa técnica tem um limite e não deveria basear uma obra de terror de maneira tão exagerada. O que pode também incomodar é o tom de humor que parece deslocado, principalmente nas ações de um padre “curandeiro, com métodos pouco ortodoxos que transita no limite da religião e do ocultismo”. Até a explicação é clichê demais. Algumas de suas deixas e participações vão te deixar com aquele sentimento de vergonha alheia, mas nada tão ruim quanto como vimos em A Freira.

Diretor e elenco promovendo o filme durante a ScareDiego, em 2018

Em seu desfecho, talvez estejam os piores momentos de A Maldição da Chorona. E de certa forma, este parece ser o grande desafio dos filmes de terror contemporâneos: como entregar um final sem ser clichê ou previsível demais ao ponto de agradar público e crítica? A inovação neste quesito se faz necessária, pois o universo do terror – principalmente quando procura ser expandido ou compartilhado – não tem acertado muito.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *