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25 anos de Cavaleiros do Zodíaco no Brasil

Era 10h30 do dia 1º de setembro de 1994. Os Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya no original), série criada por Masami Kurumada e desenvolvida pela Toei Animation, adentravam às telinhas brasileiras, sendo exibido pela primeira vez na extinta Rede Manchete durante o programa infantil Dudalegria. No mesmo dia, às 18h30 uma reprise foi ao ar, dentro do Clube da Criança. O sucesso inesperado rendeu mais tarde um programa próprio que era conduzido pela apresentadora Mytsue.

Cavaleiros do Zodíaco e a Rede Manchete

Os Cavaleiros do Zodíaco foi a galinha de ovos de ouro da Manchete, que não sabia o quanto valioso aquele produto era quando chegou as mãos de Eduardo Miranda, chefe da divisão de cinema da emissora. 

Tudo começou após uma reunião com representantes da distribuidora de brinquedos Samtoy, que ofereceu os 52 episódios episódios iniciais do anime exibidos em 1986 no Japão – até então desconhecido no Brasil -, mas que havia feito sucesso na Europa. Em troca, A Manchete ofereceria espaços para a exibição de propagandas dos brinquedos baseados na série. 

Após assistir a um trailer de 15 minutos, dos quais o próprio Eduardo Miranda disse ter visto apenas “sangue, violência, tentativa de suicídio, autoflagelação, cara furando os olhos… “, o anime quase não entrou na programação infantil da emissora. Porém, como o canal encontrava-se em crise, e com baixos índices de audiência, além de não ter dinheiro para renovar a sua programação, a proposta da Samtoy tornou-se irrecusável. A empresa de brinquedos também depositava todas as suas esperanças naquele acordo, uma vez que outros canais televisivos como Globo, por exemplo, já haviam dito não a proposta.

Após o diretor assistir cinco episódios completos (a pedido dele mesmo a Samtoy), viu que era bem mais do que uma violência sem sentido retratada no clipe anterior. Com isso, tivemos o sim definitivo, que iniciou o boom dos animes nos anos 90, e que fizeram com que outras animações japonesas fizessem sucesso por aqui, como mais tarde Yu Yu Hakusho, Shurato, Sailor Moon, Samurai Troopers (Samurai Warriors no Brasil), todos exibidos na Manchete. Sem contar Dragon Ball, ainda na década de 90, que foi ao ar no SBT e na década seguinte Naruto. Todos vindos direto do Japão graças ao sucesso de Cavaleiros.

Reprises e brinquedos

Como ainda não sabiam se daria certo ou não, apenas os 52 episódios (dos 114) foram exibidos na Manchete, sendo reprisados em exaustão após a sua conclusão. O episódio em questão era “O Golpe Satânico de Ares”, no qual Seiya de Pégaso está enfrentando Aiolia de Leão, pela batalha das Doze Casas durante a Saga do Santuário.

A essa altura, o sucesso entre a criançada já era enorme, e as repetições dos episódios deixou o público frustrado. Porém, ao anunciarem que haviam adquirido o restante dos episódios de Cavaleiros do Zodíaco, a Manchete alcançou picos de 15 pontos no ibope. O restante da Saga Santuário foi exibido em horário nobre, entre às 19 e 20 horas.

Esse sucesso foi refletido nas lojas, que venderam 400 mil bonecos no primeiro lote, quando a expectativa era de apenas 90 mil unidades. Em 1995, foram os brinquedos mais vendidos no Dia das Crianças e no Natal, somando mais de um milhão de action figures, faturando mais de 50 milhões de reais.

Dublagem 

O time de dubladores clássico dos Cavaleiros do Zodíaco no Brasil

Se você assistiu Cavaleiros do Zodíaco na Manchete e depois em outros canais, como a Cartoon Network ou Band, que exibiram o anime a partir dos anos 2000, notou que a primeira dublagem possui alguns equívocos na tradução. Isso se deve a pressa que a produção deveria ser entregue, assim que o acordo foi selado entre Manchete e Samtoy. Aliás, foi a próprio empresa de brinquedos que procurou o estúdio Gota Mágica para realizar a tarefa de traduzir Cavaleiros do Zodíaco para o Português. 

O dono da Gota Mágica, Mário Lucio de Freitas, designou Gilberto Baroli (Saga de Gêmeos), que já havia trabalhado em tokusatsus (seriados de monstros gigantes) como Jaspion e Changeman, para dirigir a dublagem de Cavaleiros do Zodíaco. Segundo Baroli, o material era confuso, já que o estúdio havia recebido roteiros em inglês, que foram traduzidos para o português, mas o anime estava dublado em espanhol, e o que estava na tela não batia com o script. 

Atrelado a isso, a pressa obrigou o diretor de dublagem escolher rapidamente as vozes para compor o elenco. Contudo, uma única exigência foi feita por Mario Lúcio, dono do estúdio: os papéis de Seiya (o Cavaleiro de Pégaso) e Saori Kido (a reencarnação de Atena) fossem dublados pelos filhos de Gilberto, Hermes Baroli e Letícia Quinto. 

Outros contratempos na dublagem também fizeram com que algumas vozes fossem substituídas ao longo da série, como a de Shiryu de Dragão, inicialmente interpretado por Sérgio Ruffino, e que mais tarde foi substituído por Élcio Sodré, que dublava o narrador da Guerra Galáctica. Sem contar a repetição de dubladores em vários personagens, a exemplo de Gilberto Baroli, que dubla cinco personagens no anime. 

A urgência da dublagem também fez com que Baroli precisasse agir rápido para suprir vários imprevistos. No início da dublagem,  precisou viajar com uma companhia de teatro da qual fazia parte e, então, do desenho, se tornou a voz de Shiryu.

Na Rede Manchete, a série ficou no ar até 1997. No Brasil,  muitos produtos foram lançados, como álbuns, CD e LP musical (chegou a ganhar até disco de ouro), mochilas, estojos, etc.

Além disso, o longa metragem A Lenda dos Defensores de Atena (o filme do Abel, chamado na época aqui no Brasil e “Cavaleiros do Zodíaco O Filme”) foi exibido nos cinemas e teve grande público. Mais tarde, a série voltaria a ser exibida na Cartoon Network, estreando no dia 1º de setembro de 2003, com dublagem desta vez feita nos estúdios da Álamo. A mesma versão foi exibida na Band, de 2004 a 2007.

Mangás

Os Cavaleiros em Mangá

Em 2001, a Conrad Editora adquiriu os direitos para lançar o mangá. Com veiculação mensal, o mangá nacional teve 48 edições. A Editora também lançou 10 volumes do mangá Episódio G, mas depois que decretou falência acabou parando o lançamento no meio. 

Em 2007, a Editora JBC anunciou o lançamento do mangá do Lost Canvas no Brasil. Com periodicidade bimestral, o mangá foi lançado de forma completa por aqui, incluindo os Gaidens (histórias solo dos Cavaleiros de Ouro).

1º de setembro

A data 1º de setembro é simbólica para os fãs brasileiros, tanto que nos dias 31 de agosto e 1º de setembro de 2019 (em São Paulo) e 14 e 15 também de setembro (em Poços de Caldas) ocorre o Zodiacon, evento destinado a lembrar deste dia, e celebrar os 25 anos da franquia no País. O Zodiacon é realizado pela Leprechaum Eventos, com apoio do site CavZodiaco

Enfim, Cavaleiros do Zodíaco é essa franquia, que foi criada em 1986, mas se reinventa até hoje, querendo atingir todos os públicos, e se manter viva no coração daqueles que já são fãs da série. Prova disso é o mais recente lançamento da Netflix, que reconta a história dos defensores de Atena, só que desta vez em Computação Gráfica. A Vigília Nerd fez a crítica da nova produção. Confere lá!

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