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Ultraman | Crítica

Uma franquia de mais de cinco décadas que permanentemente vem se renovando. Esse é o conceito de Ultraman, precursor dos Tokusatsus (heróis japoneses que lutam com monstros), e que ganhou uma série animada no dia 1° de abril pela Netflix.

Contudo, se você é acostumado a assistir ao seriado antigo ou umas das mais recentes produções, nas quais vemos algum membro da Família Ultra lutando contra monstros gigantes; prédios sendo destruídos e um protagonista que serve de hospedeiro para um ser alienígena, a produção da Netflix toma outro rumo. Aqui, temos uma história muito mais urbana – lembrando um pouco as mais recentes da franquia Kamen Rider – com adversários em tamanho real, lutando de uma maneira mais inteligente do que apenas um monstrengo que grunhe e ataca instintivamente.

As poses características do herói estão presentes na série

Na animação original da Netflix baseada no mangá de Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi, ignoramos toda a linha cronológica da franquia Ultraman, utilizando apenas o primeiro seriado dos anos 60 como referência para o andar da trama. Claro, temos mais dois Ultras (Seven e Ace), mas suas origens são diferentes do original.

Nessa nova jornada, Shinjiro Hayata é filho do antigo hospedeiro do Ultraman e é “convidado” a ser tornar o novo Ultra, com a diferença de trajar uma armadura de combate, ao invés de se fundir com o alienígena, como de costume na franquia. Assim acontece com Ultra Seven e Ultra Ace, que dividem o protagonismo com Shinjiro e possuem suas sagas dentro dos 13 episódios, que são muito bem aproveitados nos seus 23 minutos de duração por capítulo. A prova disso é que não temos tema de abertura ou encerramento, o que permite explorar as muitas subtramas (cheias de viradas), que nos são apresentadas.

Ultra Seven é o marrento da história

Desde o primeiro episódio, que nos dá uma impressão de história que vamos acompanhar, até um serial killer no meio do enredo, chegando a um final que muda totalmente o que se desenhava na trama, Ultraman aborda um dilema que já vimos anteriormente em Homem-Aranha. Sim, estamos falando da frase do Tio Ben: “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. Shinjiro questiona a cada minuto o porquê de estar fazendo tudo aquilo. Se ser herói é apenas matar vilões sem se importar com quem ou o quê eles são; se ele vai conseguir não hesitar no momento que precisará salvar alguém, ou até mesmo o motivo pelo qual ele se tornou Ultraman (escolha própria, destino ou somente continuar o legado do pai).

Todos os personagens tem importância na série, cada um com uma personalidade bem distinta e por vezes caricata até demais. Isso pode incomodar um pouco – principalmente Rena, a cantora de J-Pop, que parece sonsa demais e Hokuto, que tem um ar meio infantil para um adolescente. Outro fator que pode fazer você torcer o nariz logo de cara (e perder uma ótima oportunidade de assistir a uma bela história) é o estilo de animação. A mistura de animação convencional com a computação gráfica não resulta em um traço ou movimentação de personagens que te convença. Porém, sei que se fôssemos assisti-lo em uma técnica diferente, mais convencional, as armaduras e todos os efeitos de luzes e riqueza em detalhes não teriam o mesmo resultado. Prova disso é o último capítulo, que é sensacional, e muito bem animado por sinal.

Ultra Ace e Ultraman preparados para encarar qualquer alienígena.

Ultraman da Netflix agrada aos fãs do personagem pelos seus easter-eggs, mas não cai na nostalgia de mostrar uma releitura datada, atualizando acertadamente o contexto e entregando uma trama bem construída, respondendo a maioria das questões e deixando o mínimo de pontas soltas para uma possível segunda temporada.

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