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Travelers  | Crítica da série

Séries originais da Netflix sempre nos deixam ansiosos pela liberdade que a empresa dá aos seus produtores, vide The Crown, Stranger Things e as séries da Marvel que não seriam tão boas se tivessem o “padrão” da TV aberta americana. É verdade também que nem todas são esse “supra-sumo” de criatividade, autenticidade e malemolência. Travelers por exemplo, série que estreou no final de 2016, não mostrou a que veio.

No início parece ser uma série procedural onde cada episódio é um “caso da semana” para depois fechar uma história completa no final. Não é. Se perde já no terceiro ou quarto episódio e não tem “fechamento” algum no final. Várias coisas nos deixam bem curiosos, mas infelizmente, nada é explicado. E fica em aberto para uma possível próxima temporada.

Vamos a história.

Em um futuro próximo a Terra entrará em colapso. Então, são enviados para o passado (não se sabe por quem) para evitar esses eventos, os Viajantes. Eles meio que assumem o corpo de alguém já vivo (no passado) e que morre (no presente) para receber a consciência do viajante. Já vimos isso nas HQs dos X-Men nos anos 80, não é mesmo? O interessante é que eles assumem os problemas das pessoas encarnadas, dificultando ainda mais os seus objetivos.

Um agente do FBI, um viciado em heroína, uma mãe solteira com o filho recém nascido tendo o pai um policial violento, um jovem atleta e uma garota com problemas mentais recebem a consciência dos viajantes do futuro (novamente, não se sabe de que futuro e aparentemente todos já se conhecem). Eles devem se reunir em uma equipe para evitar eventos catastróficos e salvar o planeta.

Até começar a incluir demais os dramas pessoais das pessoas encarnadas (prática constante em muitas séries, que além de aumentar uma trama secundária desnecessária, não acrescenta muito ao roteiro principal), tudo corre bem. Porém, isso é feito muito nessa série, desviando do assunto de mostrar o que aconteceu no futuro, o principal motivo de eles voltarem, qual é a dos viajantes no futuro (uma espécie de agência/empresa governamental) e como funciona a tecnologia do futuro.

Travelers é produzido e estrelado por Erick McCormack (de Will & Grace), único nome conhecido (mas nem tanto) no elenco. O restante do elenco é bem jovem e não compromete, ao mesmo tempo que também não agrega uma experiência melhor a série (o clássico “não fede e nem cheira”).

Mas nem tudo é ruim. Se você quer uma série que não tem um vilão escandaloso ou explicações científicas e gosta da relação entre os personagens com o período atual, e também não curte muito efeitos especiais, essa série de viagem no tempo pode te entreter.

Sugestão para Netflix (alô @netflix): com essa ótima produção da série (inclusive disponível em Ultra 4K) deveriam focar em mostrar o tal diretor que interfere em tudo na segunda temporada, mostrar tudo que acontece no futuro e parar com os draminhas pessoais.

Com uma terceira temporada já encomendada para final de 2018, pouco se aproveita das primeiras duas temporadas. A abertura por exemplo é totalmente esquecível, diferente daquelas séries que gostamos tanto que não pulamos a abertura dos episódios (mesmo maratonando). Comparando com séries como Luke Cage e Glow, que melhoraram nas temporadas seguintes, esperamos que a Netflix nos surpreenda e melhore essa série que tem uma premissa boa se for bem utilizada.

Éderson Nunes

@elnunes

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