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Transformers: O Despertar das Feras é o início de um caminho surpreendente

O começo de  um caminho surpreendente. Assim podemos resumir Transformers: O Despertar das Feras, que chega às salas de cinema de todo o Brasil no dia 8 de junho. Dirigido por Steven Caple Jr. (Creed II), o longa vem a reboque do sucesso de 2018 de Bumblebee. Passada uma década depois da “chegada” dos Autobots na Terra, portanto no ano de 1994, a ideia agora é explorar mais um dos ramos do rico cânone dos Transformers dos quadrinhos e dos desenhos animados. No entanto, infelizmente, O Despertar das Feras não consegue repetir os grandes acertos de seu antecessor, que, continua disparadamente, sendo o melhor filme de toda a saga desde o seu início em 2007, quando víamos a ascensão das estrelas (na época) adolescentes Shia LaBeouf e Megan Fox, sob a batuta do sempre explosivo Michael Bay.

Apesar de ser um caminho natural para os Transformers no cinema, o filme que introduz as novas espécies de robôs, como os Maximals, Predacons e Terrorcons, acaba não fugindo dos clichês clássicos: nova grande ameaça chega na Terra e precisa reunir itens extraordinários para que um grande devorador de mundos continue seu extermínio de planetas. E claro, os Transformers se colocarão à frente dele e um grande conflito será desencadeado. Mais do que isso, o artefato em questão é a única chance que eles teriam de voltar ao seu planeta natal, Cybertron.

No meio disso tudo, como sempre, temos a mistura entre humanos e Autobots. Ao contrário dos acertos de Bumblebee, que utilizou muito bem a “bengala” de ser uma prequel e explorar ao máximo os anos 80, aqui não temos os anos 90 sendo retratado da melhor forma. Um grande desperdício de vivências, referências e trilhas sonoras. No final das contas, se ninguém dissesse que o filme se passa nos anos 90, pouco, ou quase nada, mudaria. Uma pena. 

Também não temos um protagonismo tão marcante quanto o de Charlie (Hailee Steinfeld). Agora o centro da trama é com Noah (o ótimo Anthony Ramos) e Elena (Dominique Fishback). Os moradores do Brooklyn serão a nossa ponte para entender a relação das raças alienígenas e robóticas. Porém, essa relação é também apresentada de forma superficial, e quando nos damos conta, eles estarão no meio de uma guerra de mundos sem uma explicação que seja minimamente aceitável. O clássico “porque sim”. Outro ponto negativo no processo.

O minimalismo e o filme contido que transformaram Bumblebee em um sucesso único, aliando roteiro, carisma e boas notas da crítica – o combo todo – é (insisto) deixado de lado. Voltamos ao formato tão massacrado por Michael Bay, onde tudo é possível e todos precisam comprar ao máximo que é assim e, não tem muito como escapar. E isso enfraquece o filme como um todo. Aqui Optimus Prime é menos líder (parece estar formando seu caráter) e claro, os vilões que, como ocorre tradicionalmente, basicamente não tomam conhecimento do poder dos Autobots. O que desencadeia uma ameaça realmente marcante. Mas é aquela coisa, depois de levar uma surra assustadora, tudo dá certo no final. E essa falta de coragem para realmente ser contundente em situações envolvendo por, exemplo, personagens como o próprio Bumblebee o agora o novo (e também carismático) personagem Mirage (com a voz de Pete David), também trazem situações que não enganam o nerd mais calejado.

Mirage e Anthony Ramos formam a nova dupla

Um lado interessante abordado aqui é que saímos do clichê dos heróis norte-americanos, voltando nossas atenções a uma família de origem porto-riquenha, um (surrado) plot de irmãos muito unidos e uma aventura quase toda passada nas lindas paisagens do Peru. As panorâmicas na cidade inca de Machu Picchu são a lembrança de um dos lugares mais incríveis do mundo.

Nem tão épico quanto o primeiro, nem tão incrível quanto o último, Transformers: O Despertar das Feras é um desperdício de boas possibilidades, com um elenco de voz incrível (temos ainda Michelle Yeoh, Ron Pearlman e Peter Dinklage, além de nosso eterno Optimus, Peter Cullen).

Anthony Ramos e Dominique Fishback são os protagonistas “humanos” da história

Mas calma!

Você não sairá decepcionado da sessão. Botando os dois pés no elemento surpresa, o combo da Hasbro no cinema está mais próximo do que poderíamos imaginar. A cena pós-créditos foi um suspiro de alegria tal qual a Marvel conseguiu fazer em determinados momentos. Salva o filme? Não, mas como eu avisei lá no início, é o início de um caminho surpreendente.

Veredito da Vigilia

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