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Todos Já Sabem | Crítica

Com o chamativo encontro de Javier Bardem, Penélope Cruz e Ricardo Darin, o diretor iraniano Asghar Farhadi reforça seu olhar plural com a produção espanhola Todos Já Sabem (Todos Lo Saben). A reunião de estrelas, por si só, já chama atenção daqueles que amam filmes em espanhol e deve levar muita gente para os cinemas brasileiros a partir do dia 21 de fevereiro.

Na trama, Laura (Penélope Cruz) viaja com seus filhos de Buenos Aires para sua cidade natal na Espanha para o casamento da irmã. Seu marido (Ricardo Darín) permanece na Argentina, por questões de trabalho. Ao chegar na encantadora cidade europeia, ela reencontra Paco (Javier Bardem), seu antigo namorado, atualmente casado com Bea (Bárbara Lennie). O quer era para ser uma viagem rápida torna-se um evento trágico após o desaparecimento de Irene (Carla Campra) durante a celebração (as cenas da festa são belíssimas). Não podemos esquecer do tio Fernando, interpretado pelo ótimo Eduard Fernández. Com toda essa mistura, estão lançados os desafios da narrativa.

Penélope Cruz e Ricardo Darín dividem as atrações em Todos Já Sabem

Com diálogos ricos, Farhadi consegue deixar a narrativa bastante interessante e tensa. Após os momentos iniciais mostrando uma bela família, com dinheiro e afeto, o espectador se depara com laços rompidos, segredos e “imperfeições” que vêm a tona depois do sumiço de Irene. Apesar do suspense e da angústia que envolve o desaparecimento de alguém da família, em nenhum momento vemos recursos de melodrama. É possível enxergar afeto entre Laura e Paco em diálogos e olhares, sem declarações explícitas. Perceber a preocupação do tio Fernando que foca em resolver o problema. O sofrimento dos personagens não vem acompanhado de uma chuva de lágrimas. O centro é a tensão, que aumenta progressivamente, junto das escolhas feitas e as que terão que ser tomadas.

Bea (Bárbara Lennie) e Paco (Javier Bardem)

O roteiro nos apresenta muitas transformações durante a trama. É possível desconfiar de todos, ter quase certeza do culpado em alguns momentos e mudar de ideia segundos depois. Para misturar tudo, ainda entram em cena a religião, o sistema patriarcal e noções de honra masculina e feminina. Um prato cheio para ótimas reflexões e envolvimento.

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