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The Boys entrega sua melhor temporada perdendo grandes chances

E o fenômeno The Boys (Prime Video) entregou no dia 7 de julho o desfecho de sua melhor temporada até agora. Se na primeira o fator surpresa foi preponderante e na segunda tivemos uma certa repetição, sem grandes evoluções, o novo arco chegou com tudo, entregando a cada episódio um desenvolvimento e uma série de ações importantes para que a história realmente avançasse. De quebra, ainda floodou a internet com o celebrado episódio Herogasm (ou na versão brasileira, a Supersuruba), que, no final das contas, chocou mais por uma cena de violência do que propriamente algo com um teor sexualmente explícito.

Na segunda temporada, eu fui enfático ao reclamar que, apesar da introdução de novos personagens, a história basicamente não foi pra frente. Para minha surpresa, o primeiro episódio entregou tudo que a season final da anterior deveria ter feito, colocando absolutamente todos os personagens em uma nova fase, fazendo com que ações realmente tivessem boas consequências. E isso em The Boys é ainda mais importante, pois se a série está cada vez mais amparada pelo banho de sangue, violência e conteúdos explícitos, todas essas características precisam fazer com que a narrativa siga em frente, sob a pena de a produção desvalorizar suas cenas mais marcantes.

Evolução é tudo em The Boys

E a terceira temporada veio se desenhando quase que perfeita neste aspecto evolutivo. Em todos episódios tivemos uma ação forte e uma consequência amplamente sentida. E isso foi válido para todos os personagens e a importante introdução de Soldier Boy (no astro de Supernatural, Jensen Ackles). É claro, o elenco todo de volta, uma rápida aparição de Tempesta (Aya Cash), e com Capitão Pátria (Anthony Starr) sempre roubando a atenção. Starr nasceu para este papel, e, desta vez, fomos brindados por uma excelente cena em que ele contracenou com o espelho. Marcante.

Capitão Pátria sempre rouba a cena
Anthony Starr não poderia passar a temporada sem mais cenas icônicas!

Mas The Boys consegue ser mais do que uma série que subverte os quadrinhos de forma gore e explícita (no mais amplo sentido da palavra). Ela toca em temas latentes, que são muito sensíveis para nós brasileiros, como a divisão política, o preconceito racial e a utilização da mídia e a internet para criar narrativas falsas para o público. Infelizmente, essas situações bizarra que vemos por aqui é também um reflexo do que acontece nos Estados Unidos. Com isso, todas as metáforas e alegorias para com o mundo real possuem um aspecto ainda maior. É como se as cenas mais horrendas fossem as que replicam a realidade, e não as que exageram em mortes, sangue e sexo. O importante é entender como elas são colocadas e aprender com os erros que a sociedade comete.

The Boys terceira temporada
The Boys: não se apegue a nenhum personagem!

Apesar de ser a melhor temporada de todas, The Boys comete um pecado que vimos recentemente em Stranger Things. Ficou muito nítido que ambas seasons finales tiveram medo de subtrair um ou outro personagem, ficando em uma posição cômoda de manter o elenco, empurrando decisões que, mais cedo ou mais tarde terão que acontecer. O grupo dos Boys passou muito ileso, e tivemos apenas um pequeno gostinho de como seria uma luta entre eles e os Supers. Confesso que fiquei um pouco decepcionado com essa falta de coragem.

De qualquer forma, The Boys ainda tem lastro para entregar bons arcos vistos nos quadrinhos e tocar o terror de uma forma muito mais contundente e com o desprendimento necessário de personagens ou atores. São várias lacunas para se preencher e já temos confirmada a quarta temporada. É aguardar com ansiedade um novo arco com um pouco mais de coragem, mas o mesmo  capricho.

Veredito da Vigilia

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