CríticaGamesOpinião

Super Mario 3D All-Stars: uma coleção imperdível, mas que poderia ser melhor

Em seu 35º ano, a franquia Mario é de longe o nome mais reconhecível e consistente do mundo dos games. Seus jogos definiram gerações, sedimentaram gêneros e, inclusive, salvaram a indústria da falência na década de 1980. E, incrivelmente, todas as entradas da série principal são como vinho: com o tempo, só melhoram e continuam relevantes, mesmo décadas depois. 

A coleção All-Stars foi criada justamente para que novas gerações possam conhecer os títulos originais do passado, normalmente com algumas melhorias gráficas em uma edição limitada com um pacote de games. A primeira versão saiu em 1993 para o Super Nes, com os três primeiros jogos da franquia lançados no Ocidente, além de Super Mario Lost Levels, a versão original de Super Mario Bros 2 lançada apenas no Japão. A coleção oferecia a opção de salvar o jogo além de uma repaginação visual para se adaptar aos gráficos de 16 bits do novo console.

Super Mario 64 é o ponto fraco da coleção. Mesmo com melhorias visuais, áudio deixou a desejar

Pode se dizer, inclusive, que All-Stars pavimentou o caminho para coleções modernas, afinal, se a Nintendo fez, as demais companhias passariam vergonha se fizessem menos que isso. Nos 25 anos da franquia, o Wii recebeu uma edição limitada da mesma coleção, sem qualquer novidade. 

Mas com a explosão do Switch e os 35 anos de Mario, a Nintendo não poderia deixar a data passar em branco e, no dia 18 de setembro, lançou, pela primeira vez, Super Mario 3D All-Stars, a primeira coleção oficial com os jogos 3D do encanador. O pacote traz Super Mario 64 (Nintendo 64), Super Mario Sunshine (GameCube) e Super Mario Galaxy (Wii), disponíveis de forma física e digital até março de 2021. 

Um presente de 35 anos

É preciso levar em conta dois pontos importantes antes de comprar a coleção: o primeiro, é que ela é uma “coleção” dos jogos originais. Assim como Mario All-Stars, os três jogos receberam algumas melhorias visuais, mas não são versões remasterizadas completas. São feitos para serem jogados da mesma forma como eram em suas plataformas digitais. Tanto é, que jogo não foi vendido como novas versões ou remakes e sim como parte da série All-Stars. A outra é que o fato de ser uma edição limitada vai impactar significantemente o valor das edições físicas, então, a edição digital acaba sendo uma boa opção para quem quer, acima de tudo, ter a opção de jogar os três games no Switch. 

Mario Sunshine ganhou uma repaginada em seu primeiro relançamento após o Gamecube

A Nintendo sabe que há demanda para o produto e como os jogos são valorizados por jogadores casuais e fãs, por isso, joga essas cartas sabendo do potencial delas. O resultado se traduz em edições esgotadas em minutos nos principais sites de todo mundo.

Dito isso, o pacote tem seu valor, mas não deixa de ter suas falhas. Importante dizer que esta análise se refere à coleção como um todo e não às virtudes e defeitos de cada game. Os três são experiências incríveis, mas o objetivo é ver o que melhorou e o que não ficou tão legal no pacote completo.

Os jogos são incríveis, mas poderiam ser melhores

A começar pela apresentação e extras. O Menu é simples, acessível, e direto ao ponto. Conteúdo extra, apenas as trilhas sonoras de cada jogo. É uma pena. Nintendo teria uma boa oportunidade para adicionar algo mais à coleção, principalmente devido à importância da franquia. Minigames, easter eggs ou até making off. Da forma como está, uma passagem rápida já esgota o interesse.

Super Mario 64 é o game que mais sofre com a nova versão e o motivo de mais reclamação por parte do público. Os visuais datados do Nintendo 64 não envelheceram nem um pouco bem e a Nintendo não fez questão de melhorar. Fora uma retocada no HUD do jogo, melhor definição no 3D e algumas mudanças na jogabilidade, Mario 64 ainda é muito parecido com a experiência no console original. Pior ainda é a questão do áudio, que não passou por um processo de remasterização adequado e segue abafado. A culpa disso é, provavelmente, porque o jogo não é um port e sim uma emulação. De acordo com análises de dataminers, foi identificado um emulador específico para o jogo e para Super Mario Sunshine. Apenas Super Mario Galaxy roda nativamente no Switch, com GPU e áudio emulados.

Mario Galaxy é a joia da coleção. Visuais incríveis e controles bem adaptados trazem esse clássico à nova geração

É um problema? Na verdade não. O processo de emulação de jogos de plataformas antigas é utilizado constantemente pela indústria. Se não afeta a experiência final do usuário, como por exemplo não aconteceu em coleções lançadas pela Sega na atual geração, passa despercebido. No caso de Mario 64 e Sunshine, melhora o jogo visualmente muito mais do que a experiência original, não tanto quanto poderia, e com o problema do áudio em baixa definição em Mario 64. Dito isso, revisitar o jogo que definiu a forma como plataformas 3D seriam jogados dali pra frente é uma experiência estranha, mas interessante.

Super Mario Sunshine ganha sua primeira versão oficial fora do Gamecube e o jogo nunca foi tão bonito. Maior definição, rodando em 1080p, o único defeito é ficar na casa dos 30fps. Os controles foram bem adaptados para o Switch e o jogo envelheceu um pouco melhor que seu antecessor, mas ainda assim, a jogabilidade não é no nível de seus sucessores. Sunshine é, talvez, o mais rico dos três em funcionalidades, e seu formato mundo aberto pode confundir um pouco mas é uma ótima oportunidade para visitar ou revisitar a Ilha Delfino.

Galaxy…bom, Galaxy segue perfeito e mais lindo do que nunca. Se você mostrar para alguém que nunca jogou a franquia, é capaz dela não acreditar que esse jogo saiu em 2007. A nova versão é a mais bonita que o jogo já teve, com todas as arestas da versão original aparadas e melhoradas. Áudio e imagem de um jogo moderno. As opções de controle também aumentaram significativamente, não exigindo o motion se o usuário não quiser (recomendo, a experiência é a melhor possível). Somente as cutscenes ficaram devendo. Por algum motivo parecem embaçadas e comprimidas demais. A ausência de Galaxy 2 na coleção incomoda, mas o motivo parece ser o problema em adaptar os controles do Yoshi, que exigem precisão cirúrgica no motion control e que, no Switch Lite, não seria possível.

De resto, Super Mario 3D All-Stars é uma coleção imperdível para os fãs e colecionadores, porém, falha em diversos aspectos. A Nintendo sempre se preocupa em entregar um pacote de alta qualidade em seus games, mas esse é um capítulo que parece ter ficado devendo, principalmente em Mario 64. Mas ter esses três jogos incríveis e impecáveis em um só lugar, para poder jogar em um único console, faz de 3D All-Stars uma compra certa. 

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *