CríticaSéries

Sintonia: sociedade, religião, funk e realidade na nova série da Netflix

Sintonia, a primeira série original da Netflix com o carimbo de KondZilla chega esta semana ao catálogo (dia 9 de agosto), e promete abordar temas importantes. Produzida pela Los Bragas (produtora da atriz Alice Braga e família), a série gira em torno da realidade de três moradores de uma favela. A trama deles mistura tráfico de drogas, funk, religião e claro, muita crítica social. Ao assistir aos primeiros episódios com exclusividade do canal de streaming, nos deparamos com um produto caprichado, cheio de caras novas, e com um ritmo bem fluente. Resta saber se será um fenômeno de audiência como as anteriores 3% e Coisa Mais Linda, ou vai ficar numa média abaixo, como Samantha.

Na cidade de São Paulo, Doni (M.C. Jottapê), Nando (Christian Malheiros) e Rita (Bruna Mascarenhas) levam vidas distintas em uma grande favela, mas são unidos por seus importantes laços de amizade. Influenciados pelo funk, tráfico e até mesmo uma igreja evangélica, suas vidas vão sendo contadas de forma direta, sem rodeios. Doni tem família, estuda em um bom colégio, tem amigos ricos, mas é na favela que ele se encontra. Com o dom para o funk, sonha em fazer sucesso com suas músicas. Nando, por sua vez, é um oposto. Jovem negro, sozinho, como ele mesmo cita, “não é ninguém”, e por isso, sua sina tem tudo para acabar mal. Pai de uma filha pequena e casado, ele só pensa em dar condições para a família, mesmo que isso lhe transforme em um estereótipo do bandido sanguinário do tráfico. Já Rita é órfã e vende suas muambas para ganhar a vida. Independente e empoderada, ela se vira para conseguir se manter, até que um simples dia na sua rotina vira sua vida de cabeça para baixo.

Rita (Bruna Mascarenhas) e Nando (Christian Malheiros) no set de filmagens de “Sintonia”

Embora os atores não sejam o grande destaque da obra, Sintonia se mostra honesta na proposta. Quer mostrar um lado pouco explorado em produções de TV, onde a realidade pobre do Brasil impacta em vários sentidos. Os três primeiros episódios (ao todo são seis) nos dão uma ideia do que pode ser explorado e das críticas que podem surgir. A religião entra quase que como um paralelo com o tráfico. São dois negócios muito rentáveis e que acabam chamando o público, por mais antagônicos que sejam seus pretextos. Já o funk entra forte. Com a pegada do maior produtor do gênero do País na produção (e até mesmo direção), KondZilla também mostra como ele se entrelaça na cultura popular e como seu glamour pode influenciar nas novas gerações. A trilha sonora, não por acaso, acaba virando um dos destaques.

MC Dondoka (Leilah Moreno) e o futuro MC Doni (MC Jottapê)

No meio dessa mistura toda, a amizade entre os diferentes personagens dá o tom de como a história caminha, e ao que tudo indica, eles só conseguirão sair de algumas encrencas sendo francos uns com os outros.

Por tudo isso, Sintonia, apesar da falta de experiência dos envolvidos, embala um bom produto, uma boa série de TV, com ritmo fácil e episódios curtos (cerca de 35 a 40 minutos cada). Resta saber como ela chegará ao público e como os últimos três episódios vão se desenrolar. É uma proposta que pode dar certo. Em breve, nosso review completo por aqui!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *