Sintonia: nova temporada duplica a responsabilidade da “família”
Seguindo a premissa do Homem-Aranha de “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”, a segunda temporada de Sintonia dobra a aposta para os problemas dos seus protagonistas. A responsabilidade, neste caso, também é repartida com os produtores e roteiristas da primeira série original da Netflix com o selo KondZilla. E embora ela aumente, a série, que estreia sua nova temporada na quarta-feira, 27 de outubro, consegue manter com muita competência a sua mistura de tensão, amizade, conquistas e problemas para o agora consolidado MC Doni (Jottapê Carvalho), a operária de igreja Rita (Bruna Mascarenhas) e o traficante Nando (Christian Malheiros). Ou seja, tal qual como o herói da Marvel, a série brasileira segura as pontas em todos seus quesitos.
Depois de uma boa primeira temporada, Sintonia retorna ainda repercutindo a gravidade de vários acontecimentos de sua estreia. Embora a “família” formada pela trinca de protagonistas pareça se distanciar cada vez mais, é a união forjada na infância deles que invariavelmente vai fortalecê-los para que possam, de alguma forma, contornar os seus novos perrengues. Mas agora a evolução e responsabilidade de cada um também está muito maior. E claro, as consequências chegam no mesmo tom, sempre nos fornecendo um grau de emergência em cada um deles. Doni na sua nova carreira, Rita em sua escalada como devota evangélica e, Nando, talvez sempre com a pior parte, afinal, foi o tráfico de drogas a sua tábua de salvação e possibilidade de crescer na vida e dar o conforto que nunca teve para sua esposa e filha. Cada caminho tem as suas curvas.
Na segunda temporada, novos personagens surgem naturalmente e trazem evoluções muito coesas para os protagonistas. Mesmo os episódios que não garantem (r)evoluções nos conflitos principais se mostram importantes para a construção de novos mundos ao redor de cada um deles. O visual, as cores, figurinos e cenários continuam marcantes como os da primeira temporada, dando um ar muito original para Sintonia, sem que ela pareça algum pastiche do que já foi visto em outras produções nacionais.
Outro grande trunfo de Sintonia é manter sempre no alto a tensão, mais necessariamente nesta segunda temporada com Doni (que precisa lidar com seu sucesso impactante) quanto com Nando. A sensação de que as coisas podem facilmente sair dos trilhos ajuda a grudar nossa atenção para todos os detalhes. Por fim, os gráficos e artes usadas em tela para auxiliar a narrativa e mesclar o uso do telefone e redes sociais também continuam sob medida.
Para quem curtiu a primeira temporada de Sintonia, fica a responsabilidade de colar na Netflix a partir do dia 27 de outubro. Afinal, ‘Sintonia é família’, e família é sempre prioridade. Pegou esse ‘fluxo’?