AnimaçãoCríticaFilmesQuadrinhos

Samurai X: A Origem explora passado sangrento de Kenshin

Estreou no final de julho, na Netflix, o quinto e último live-action de Rurouni Kenshin, encerrando de vez o ciclo de Battousai, o Retalhador. Samurai X: A Origem – como já era previsto – narra os acontecimentos que levaram Kenshin Himura (Takeru Sato) a se tornar o personagem que conhecemos hoje e o motivo pelo qual ele não mata (mais), além de explicar o porquê de ele possuir uma cicatriz em forma de cruz no rosto. 

Antes de tudo, é previsível que você assista Samurai X: A Origem pensando que já sabe tudo o que vai acontecer no filme, já que muitos flashbacks dessa história aparecerem em Samurai X: O Final (relembre nossa crítica aqui), além de alguns pontos já adiantados na primeira trilogia. E sim, temos novamente a cena de Kenshin matando aquele cara que iria se casar. Mesmo assim, o longa consegue nos prender com a construção gradual do envolvimento entre o nosso personagem e a sua amada Tomoe (Kasumi Arimura). Como é enfatizado nessa história, ela “cegava” a espada dele em tempos que o instinto assassino do Battousai era necessário. 

Tomoe é a “cegueira” da espada de Kenshin

Isso porque a trama de A Origem se passa em Quioto, no ano de 1864, quando, depois de 300 anos, grupos separatistas querem pôr fim ao xogunato. Esse era o tipo de regime que imperava no Japão da época, criando uma cisão entre os cidadãos, despertando grupos rebeldes. É em um desses grupos que Kenshin atua. O filme apresenta muito bem essa ideologia em nosso protagonista, que insiste em lutar até o fim para criar uma “Nova Era”, estabelecendo assim, a paz novamente.

Kenshin era leal a sua ideologia e a tal da Nova Era

Aqui também vemos como se originou a fama de Retalhador, bem como o poder que a sua técnica, a Hiten Mitsurugi-Ryu, exercia sobre quem a testemunhava, fazendo assim, que nosso herói começasse a ser temido pela sua letalidade. Porém, ao cruzar o seu destino com a jovem Tomoe, percebemos que ela despertava o seu lado humano, que aos poucos estava se perdendo, conforme matava mais e mais pessoas pela causa. Outro passado que também é apresentado é o de Hajime Saitou (Yosuke Eguchi), mostrando que ele nem sempre passava o tempo todo com aquele traje policial e o cigarro no canto da boca.

Saitou antes de começar a fumar

Voltando a falar das “surpresas” que um filme sobre o passado já explorado de Kenshin retrata, é interessante ver como o enredo vai jogando pistas do que vai acontecer. Por exemplo, quando Kenshin diz que nunca mataria Tomoe, em hipótese alguma, ou quando começa a nevar pouco antes dos dois irem morar nas montanhas. Eu sei que já foi mostrado que a morte dela seria pelas mãos dele, em uma cena cheia de neve, mas mesmo assim, essas pistas são importantes para a construção de um roteiro redondinho. E se tem uma coisa que é redondinha, é essa história apresentada em cinco filmes, já que a última cena de A Origem é o início do primeiro filme da pentalogia.

Essa cena a gente já viu várias vezes antes mesmo da estreia do filme

Mas não é por isso que podemos cravar esse quinto filme como perfeito. Temos alguns diálogos expositivos, cenas repetidas desse e de outros filmes, uma batalha final não tão empolgante quanto as dos outros longas e, pela primeira vez, o figurino deixou a desejar dentro do projeto. As perucas (e o bigode) estão visivelmente falsos, dando a impressão de mudança na equipe dos figurinistas. Mesmo assim, o visual mais soturno do Battousai nesses dois últimos filmes, com uma roupa mais escura, bem como o tom do cabelo, dão um ar de luto ao personagem, como se nesses dois últimos atos de sua história, estivéssemos relembrando os seus pecados e o peso que ele carrega.

Kenshin está mais soturno nos dois últimos filmes

Samurai X: A Origem consegue entregar algo novo, mesmo sendo previsível, devido ao que foi apresentado ao longo de todos esses anos. O plot-twist do final faz valer a experiência, bem como ver as amarras que o roteiro veio construindo desde 2012, provando ser o melhor live-action já feito de um mangá. Uma pena que o criador dessa brilhante obra, Nobuhiro Watsuki, tenha se envolvido com pornografia infantil em 2017, manchando a sua carreira. Bom, pelo menos para quem descobriu, já que o mangaká pagou uma multa baixíssima depois de sua sentença e segue trabalhando normalmente hoje em dia, depois de um momento de “reflexão”, segundo a própria editora Shueisha, que publica os seus mangás.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *