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Power: pirotecnias não salvam um filme sem história | Crítica

Depois de assistir Power (Project Power), novo original da Netflix, a impressão que fica é duvidosa. Valeu a pena porque temos grandes astros e grandes efeitos especiais e ação do início ao fim? Ou tudo não passa de um grande apanhado que nos leva do nada a lugar algum? Entretenimento por entretenimento, alguns diriam. Não deixa de ser. Mas será que com tudo isso que os diretores “BFFs” Henry Joost e Ariel Schulman tiveram à disposição, não dava para entregar um pouco mais? Os responsáveis por Atividade Paranormal 3 (2011) e Nerve, um jogo sem regras (2016) – que devem comandar o live-action do game Mega Man – mostram competência na ação, mas não acertam um sucesso como John Wick, ou mesmo um fracasso como o remake de Duro de Matar. Power é um pastiche de ideias que já vimos em várias outras produções sem conseguir cativar. É o filme que baixa a régua depois de produções como Sergio e Destacamento Blood.

O desafio ao tentar descrever Power é também uma tarefa um pouco inglória. Além da dúvida já mencionada, a minha primeira reação foi exatamente essa: “O que eu vou escrever sobre isso?”. A agonia do jornalista é “remoída” até o momento de colocar tudo no docs (antigamente eu diria papel). É o momento onde a catarse e a mais profunda sinceridade começa a se manifestar. O argumento de Power serve bem para o filme de ação/entretenimento/explosão. Uma droga misteriosa é vendida no submundo de Nova Orleans. Ela dá poderes incríveis para quem a consome, no entanto, ela pode simplesmente te explodir (literalmente) de dentro para fora. Nessa linha, temos um policial (Frank, vivido por Joseph Gordon-Levitt) que usa desse recurso ilegal para combater o crime, o clássico fogo contra fogo; uma adolescente (Dominique Fishback) que precisa juntar dinheiro e salvar a mãe – que pasme, tem diabetes! Nota do editor: Já agradeceu pela existência do SUS hoje?; e por fim, um ex-soldado (Jamie Foxx) com uma confusa missão de resgatar a filha após passar por alguns experimentos. 

Fala sério, só essa dupla já vende o filme, não é mesmo?

Tudo seria absolutamente promissor, mas, no final das contas, não compramos a história dos principais personagens. A ânsia de dar ritmo ao filme acaba queimando etapas que poderiam trabalhar esse senso de conexão entre público e ficção. A edição rápida (é bonita e competente) peca pelo excesso de dinamismo, mais preocupada com estética do que com narrativa. Os próprios vilões – um deles vivido por Rodrigo Santoro – também não mostram muito para que vieram, entrando e saindo de cena com a facilidade de quem corta manteiga com faca quente. Nenhum problema é realmente algo que nos faça prender a respiração ou segurar na cadeira… e tudo se resolve com uma tranquilidade bem incômoda.

Power: Rodrigo Santoro marcando presença em mais um projeto em Hollywood

Como já falamos bastante por aqui (e nos vídeos e redes sociais da Vigília), Power acaba sendo mais um filme de catálogo da Netflix, que chama mais a atenção pelos astros – sempre competentes – e pirotecnias do que pela história ou experiência que possa ser ou fornecer. Se for optar por algum filme com pílulas que trazem algum tipo de poder, fique com Sem Limites (de 2011), com Bradley Cooper, que a sessão será melhor. Power é isso, ação pela ação, que poderia funcionar muito melhor como uma série com 8 ou 10 episódios, que realmente aprofunde toda a premissa e ideias jogadas na tela. Mas, quem sabe não fica para uma continuação, não é mesmo? Se bem conhecemos a Netflix, isso é bem possível.

Veredito da Vigilia

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