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Podres de Ricos, a comédia romântica que foge de (alguns) padrões | Crítica

A comédia romântica Podres de Ricos (Crazy Rich Asians) chegou abalando alguns padrões do cinemão. Primeiro porque é uma produção hollywoodiana que mostra um mundo completamente diferente do que nós ocidentais estamos acostumados. Costumes, questões étnicas, diferenças e diversidades são alguns dos principais pontos abordados, todos de forma às vezes divertida, às vezes um pouco cruel. Como costumamos ver em muitas novelas por aí. Podres de Ricos tem uma identidade própria ao retratar a clássica saga do casal que se ama, mas a família não concorda. Ao mesmo tempo, fora toda a diferença de etnias e cenários, a história é aquela que conhecemos, mas adoramos acompanhar.

A mão por trás dessa boa produção é Jon M. Chu, que já transitou por esse gênero com a semi-franquia Ela Dança, Eu Danço (como produtor e diretor) e também tem no currículo o blockbuster cheio de testosterona G.I. Joe – Retaliação e o movimentado Truque de Mestre 2: O 2º ato. Enfim, é um cara que já mostrou bastante flexibilidade. No elenco temos Constance Wu como Rachel Chu, a professora de economia que ralou a vida inteira pra vencer na vida e dar um bom nível de vida para a mãe que veio da China. Seu par é o bonitão Henry Golding, que interpreta o bom moço Nick Young, um cara simples, mas que esconde da namorada a sua família que basicamente é uma das mais ricas do mundo. Como plot principal, ele vai apresentar Rachel para a família em Singapura, durante o casamento do melhor amigo. E é claro que a família tradicional chinesa (que poderia ser brasileira, norte-americana, germânica ou outra nacionalidade qualquer) não vai aceitar a “forasteira”, por pura ignorância e preconceito. Qualquer semelhança com algum conhecido seu não é mera coincidência. Infelizmente.

 

É nesse furacão que a humilde e querida Rachel é jogada aos tubarões e as ricaças que rechaçam a menina porque ela estaria (sem sequer saber) fisgando o peixe mais cobiçado do oceano índico. A mãe de Nick é Eleanor Young, interpretada por ninguém menos que a ótima Michele Yeoh (você encontra ela em Star Trek: Discovery, e também no clássico O Tigre e o Dragão, além de Guardiões da Galáxia Vol. 2). Como mãe malvada, ela dá aula, e vai destilar veneno, junto das outras mocréias ricas que querem convencer Nick a largar seu grande amor. Nesse núcleo, todas as pessoas nos lembram aquele meme famoso da internet que usa as bonecas Barbie e Ken. Você já deve ter visto em alguma timeline da vida. E é impossível não fazer essa relação.

O maior mérito de Podres de Ricos é saber contar uma história batida, mas de forma divertida e reflexiva. Impossível não ficar com raiva das situações, e, ao mesmo tempo rir de outras tantas, graças a um bocado de momentos amaciados pelo elenco de apoio, que conta com a “divertida melhor amiga desastrada” Peik Lin Goh, a rapper e atriz Awkwafina (de 8 Mulheres e um Segredo) e a figurinha cativa em filmes de humor Ken Jeong (da franquia Se Beber Não Case).

Em uma subtrama, também vemos, para além da aceitação familiar e o preconceito, um drama que é recorrente. A irmã de Nick, a famosa Astrid Young (Gemma Chan, que estará em Capitã Marvel), mantém um casamento distante com seu marido. Ela acaba sustentando as aparências com certo carinho, mas com o tempo descobrimos que seu companheiro não merece o esforço, e ela acaba percebendo que é impossível manter uma relação com aparências ou segurança financeira.

Podres de Ricos entra em cartaz no dia 25 de outubro, e prova que uma novela bem contada e produzida, que também foge aos padrões que nos são impostos por questões culturais, pode trazer uma boa lição. Os mais sensíveis podem até preparar um lencinho.

A Vigília Recomenda.

Veredito da Vigilia

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