Pai em Dobro, com Maísa, é entretenimento e reflexão
Maísa, a estrela mirim das manhãs (e dos domingos à noite) cresceu e agora está ganhando seu espaço como atriz. Ela é a protagonista de Pai em Dobro, filme original Netflix que estreia dia 15 de janeiro. Com roteiro de Thalita Rebouças e direção de Cris D’Amato (10 Horas para o Natal), o filme tem no elenco Du Moscovis (totalmente diferente do Brandão, de Bom dia, Verônica) e Marcelo Médici.
Na trama, Maísa é Vicenza, uma menina que acaba de fazer 18 anos e decide ir atrás de suas origens, mais especificamente, descobrir quem é seu pai, informação que Raion (Laila Zaid – é, meu amigo, a Bel de Malhação já faz papel de mãe de adolescente), se nega a dar. Aproveitando que a mãe foi para Índia, Vicenza foge da comunidade hippie que elas vivem, pega um ônibus e vai parar em pleno Rio de Janeiro, atrás de sua primeira pista.
Assim, Vicenza conhece Paco (Du Moscovis), o primeiro (e até então, único candidato) para viver seu pai. Paco é um pintor boêmio, que está passando por um bloqueio criativo, que recebe com apreensão a ideia de ter uma filha. Já Giovani (Marcelo Médici), o segundo candidato, é um bem-sucedido agente de finanças e se surpreende ao descobrir da existência de Vicenza e da possibilidade de ser pai da menina.
E se começamos esse texto falando de Maísa, temos um motivo. Ela definitivamente cresceu e apareceu. A menina é puro carisma e consegue nos emocionar em diversas cenas, principalmente, contracenando com Du Moscovis. Fazendo uma menina hippie confusa com a tecnologia, Maísa também coloca seu carisma nas cenas de humor, transformando o filme em um delicioso entretenimento.
O elenco de apoio, com a ilustre presença de Fafá de Belém e a participação da influencer Tainara OG, serve para que Vicenza chegue em seu objetivo e cumpre bem sua função no filme. O foco não sai de Vicenza em nenhuma cena e isso torna a ideia ainda mais assertiva e interessante.
Contudo, o ponto mais importante de Pai em Dobro fica por conta da sua trama. Afinal, chegamos em 2021 e precisamos, cada vez mais, discutir a função e a importância da paternidade na criação e na vida das crianças. Em um país em que mais de 5,5 milhões de bebês são registrados sem o nome do pai na certidão de nascimento enquanto outros podem até ter o registro, mas também com o pai ausente, precisamos falar sobre paternidade ativa. Vicenza sentiu falta do seu pai nos 18 primeiros anos de vida. Esses milhões de crianças brasileiras também sentem. O longa mostra a importância da paternidade, as descobertas de pai e filha, os momentos de diversão e de troca e, no fim, nos faz refletir sobre a nossa própria relação com nossos pais.
Pai em Dobro é um entretenimento bem televisivo, com cara de sessão da tarde, para a família inteira. Com cenas engraçadas e emocionantes, o longa não falha (e acerta muito, inclusive) na missão de entreter.