O “caô” de Resident Evil 6: O capítulo final – Com Muitos Spoilers
Todo o contexto que cercou o lançamento de Resident Evil 6: O capítulo final foi em tom de despedida. A sequência de filmes, iniciada há 15 anos atrás, então teria um desfecho. E pelas entrevistas do diretor Paul W. S. Anderson e a esposa e estrela Milla Jovovich, a ideia era realmente encerrar a batalha da personagem Alice contra os milhares de zumbis e monstros evoluídos geneticamente. Seria uma saída gloriosa, afinal, Alice/Milla já sofreu muito em cinco filmes cheios de ação, efeitos especiais (e claro, as tradicionais “frias” que o cinemão de entretenimento sempre nos traz). Tudo isso foi um “caô”, mas não necessariamente é algo negativo. Essa é a palavra mais apropriada. Por isso, por sua conta e risco, prossiga em um texto cheio, mas muito cheio de Spoilers!
Sim, o Capítulo Final serve só para o nome do sexto filme. Quando ao final da película somos lançados ao sacrifício de Alice, que vai salvar o mundo dos zumbis e do T-Vírus (responsável pelo quase apocalipse mundial) ao disseminar o antídoto no ar, todos são claramente avisados que este antídoto vai também matar a personagem principal. Haveria final mais glorioso do que dar a vida pelo mundo? A saída “messiânica” seria perfeita para a franquia, que ainda poderia deixar alguma ponta para que outra personagem herdasse o cargo de caçadora de zumbis. Mas não. Segundos após o “sacrifício”, Alice acorda e a Rainha Vermelha explica que ela não morrerá, mas o T-Vírus em seu sangue foi eliminado. Depois disso, já fica claro que apesar de o vírus ter eliminado a ameaça de contágio zumbi, muitos dos zumbis ainda continuam vivos. É o gancho para a cena final, quando Alice sobe em sua moto dizendo que a sua missão continua, e assim como ela, muito viva. O tradicional close no rosto de Milla, um sorriso para a câmera, e a nossa inevitável reação: risos. Afinal, que caô esse “capítulo final”.
Como falei antes na crítica sem spoilers, isso não chega a ser ruim. Eu me diverti muito assistindo, e sim, eu soltei uma gargalhada após o final. Mesmo sendo “enganado” pela campanha, meu olhar sobre o filme sempre foi com total descompromisso. E assim é também a saga, sem grandes compromissos com continuidades, coerências ou explicações. O que faz o projeto ser mais leve e não se levar tanto a sério (como no principal defeito de Assassin’s Creed e sua duvidosa aposta em tentar lançar uma trama sobre vida e livre arbítrio).
No arco final somos apresentados a uma Rainha Vermelha boazinha, que é a representação de Alice, ou melhor Alicia (a menina que deu origem a todo o enredo da franquia) quando criança. Além dela, Milla surge na pele da própria Alicia original, já com seus quase 90 anos (aliás uma caricatura que chega a ser bem engraçada, e novamente, sem compromisso ou seriedade, eu também ri nessa parte). Então Alice (a caçadora de zumbis, cuidado para não confundir) descobre que não passa de um clone evoluído (da própria Alicia, hehehe). Aliás, a ideia dos clones também nos leva a uma série de Dr. Isaacs (Iain Glen – aka Jorah Mormont de Game Of Thrones), que bizarramente é morto pelo seu próprio clone. Alguém aí lembrou da saga dos clones do Homem-Aranha?
No final, Resident Evil passa a ser uma grande celebração à estrela Milla Jovovich. Elenco de apoio e demais personagens estão lá só para morrer no caminho. Muito pouco ou quase nada ajudam. O foco é sempre Alice (e Alicia), que se explica pela relação marido e mulher de diretor e atriz e o final mais “caô” de uma franquia, que novamente, no final, não tem fim. Já disse e repito, apesar de tudo, é o melhor Resident Evil de todos. Barulhento, com sustos, pancadaria, e até mesmo uma historinha com início, meio e fim (ou quase isso). Divertidíssimo!