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Mestres do Universo: Salvando Eternia se distancia da inocência e surpreende

Um ícone da infância de milhares de pessoas ao redor do mundo está voltando para uma nova animação. Estamos falando de He-Man, o brinquedo da Mattel que virou história em quadrinhos e ganhou sua série animada nos anos 80 está de volta em Mestres do Universo: Salvando Eternia, nova aposta da Netflix em suas obras de animação.

Conferi a primeira parte da série, que estreia na sexta-feira, dia 23 de julho, e o que posso afirmar é que teremos muitas mentes explodindo, e claro, alguns marmanjos reclamando. Do auto de quem cresceu com o desenho clássico posso afirmar: Mestres do Universo: Salvando Eternia é ousado, bonito, surpreendente e vale assistir e reassistir várias vezes. A qualidade se justifica por quem faz. Kevin Smith, veterano dos quadrinhos da Marvel e da DC Comics e cineasta dos bons, ele é o produtor executivo e assina o roteiro desses primeiros episódios. E isso, por si só, já justifica o furor pela nova animação. Nerd como a gente, Smith continua a saga do universo que conhecemos nos anos 80, coloca muita pimenta, representatividade e violência, para nos contar uma história muito mais interessante do que as lições de moral que víamos nos episódios que passavam durante o programa da Xuxa. Se existe alguma produção que me impactou positivamente este ano, com todas as palavras, é essa continuação de He-Man.

Logo no primeiro episódio vemos o nosso Campeão com tudo que conhecemos. A diferença agora é que Esqueleto e seus capangas não estão tão inocentes quanto nos anos 80, e as surpresas chegam rapidamente. Isso porque começamos com a batalha final. Isso mesmo. He-Man e Esqueleto logo medem forças, impactando em toda a magia de Eternia. A ousadia na história mescla brincadeiras com os diálogos infantis que tínhamos no original, e uma crueza na violência que vão cercar os personagens dali em diante. A grande batalha deixa consequências terríveis para o universo e uma nova aventura começa dali.

homem-fera mestres do universo
Olha que demais essa nova versão do Homem-Fera

Nessa nova aventura teremos uma verdadeira revolução em Eternia e seus personagens. Em um mundo onde a magia acabou, pouco da vida se mantém, e uma diferente equipe precisará se reunir para resgatar a magia (e a espada da magia) e devolver o equilíbrio ao universo, assim como a garantia de sua existência. Depois de muitas décadas da batalha final, temos uma versão pós-apocalíptica de Eternia. A montanha da Serpente vira uma nova horda, focada em idolatrar a tecnologia (é bizarro, mas é muito interessante), e vemos personagens periféricos ganhando novas importâncias. Evidentemente não posso entrar em detalhes, pois tiraria a grande graça dessa animação, mas a subversão de todo aquele quadro que conhecíamos coloca Mestres do Universo: Salvando Eternia no patamar de uma animação para adultos. Para aqueles que acompanharam a versão original e hoje já estão na casa dos 30 e 40 anos. Até por isso, vale lembrar que teremos uma segunda versão atualizada de He-Man chegando no catálogo da Netflix ainda este ano. Ainda sem data de estreia definida, essa deverá ser a versão “família” da nova investida nos brinquedos da Mattel. Ou seja, os marmanjos que estiverem torcendo o nariz por aqui, podem segurar o ódio por mais um tempo.

zoar e he-man
Perigos: Feiticeira e He-Man não possuem mais inimigos fracassados

Em Mestres do Universo: Salvando Eternia, Kevin Smith achou uma forma muito boa em honrar o passado da animação e apresentar ela com essa nova roupagem. Ele fez com classe, colocando as doses de humor justamente em alguns chavões e clichês que o original carregava. Rir de si mesmo, no final das contas, faz muito sentido nessa nova versão. 

teela e sua missão
Teela: a única que poderia guardar rancor pelas mentiras do passado

Os episódios são dinâmicos, bem coloridos e têm 25 minutos cada, e como podemos ver nos trailers, colocam a missão principal nas costas de Teela, o que faz muito sentido para a trama. A primeira parte, com cinco capítulos, consegue cativar de diferentes formas em cada um deles. E claro, as surpresas estão espalhadas em cada um. O lado negativo fica por conta das dublagens, que infelizmente não ganharam as vozes de Garcia Júnior (antigo He-Man) e Isaac Bordavid (como Esqueleto). Portanto, talvez manter a versão legendada possa ser interessante ao assistir. 

Pela coragem, ousadia e revolução causada em Eternia, Kevin Smith, que já tinha grande crédito com esse que vos escreve, ganhou ainda mais pontos. E já estou curioso para saber como tudo vai acabar. E a dica aqui nessa nova versão é a mesma que costumávamos ter em Game of Thrones. Não se apegue muito aos personagens…

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