Halloween Kills: O Terror Continua com muitas mortes, mas uma trama menos inspirada
Em 2018 Michael Myers voltou em grande estilo com o novo Halloween. Por óbvio, a retomada do icônico personagem já previa suas continuações, mais precisamente uma trilogia. E o filme do “meio” é Halloween Kills: O Terror Continua, que estreia dia 14 de outubro aqui no Brasil. Ao contrário do filme tenso focado na rivalidade entre Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e o assassino mascarado apresentado anteriormente, o novo filme foca em uma possível vingança da sociedade da fictícia Haddonfield contra o “mal”. Se por um lado isso garante um filme cheio de mortes e um slasher de respeito, por outro, esquece do tom épico de seu antecessor para entregar soluções narrativas pouco inspiradas.
Em Halloween Kills: O Terror Continua, seguimos a história do exato ponto em que ficamos, com Laurie, Karen (Judy Greer) e Allyson (Andi Matichak) deixando a casa que serviu de armadilha para Myers em chamas e imaginando que tudo ficaria resolvido com o sociopata ardendo nas chamas. Mas é claro, Michael Myers não se entrega assim tão fácil, e antes de o vermos fazer um verdadeiro estrago com os bombeiros da cidade, temos uma apresentação diferente, costurando fatos do passado com os do presente. David Gordon Green volta a comandar o espetáculo dando flashes de situações na década de 70. É claro, todas elas envolvendo o assassino mascarado. Isso faz com que a rivalidade entre Laurie e Myers fique de lado na maioria do tempo, deixando a matança fluir por uma noite inteira onde a comunidade em geral busca – depois de 40 anos – finalmente colocar um ponto final nas matanças. E claro, para nosso deleite, essa comunidade falha miseravelmente.
Não é exagero pensar que Halloween Kills traz o filme com o maior número de mortes da franquia até hoje. A desorganização da sociedade de Haddonfield (ou qualquer que seja) só contribui para o caos. Essa sociedade do filme é praticamente uma personagem só, mas que é espelhada em algumas lideranças com pouca prática, entendimento ou capacidade cognitiva (ora vejam só…), e o resultado disso, assim como em algumas democracias por aí, não é nem um pouco agradável, ao ponto de que essas mesmas consequências acabam inclusive por causar a morte de pessoas inocentes.
Com um tom menos preocupado que Halloween (de 2018), essa continuação pavimenta um caminho que celebra o cinema de terror slasher. Temos mortes de todas as formas, e Michael Myers parece muito mais “solto” em seu papel, ao ponto de passar a ideia de que ele realmente está se divertindo com suas vítimas. Algumas mortes são exemplares e até mesmo a máscara clássica parece todo tempo estar sorrindo para as câmeras. Essas são, por óbvio, algumas das melhores coisas que David Gordon Green e os roteiristas Scott Teems e Danny McBride entregam. Mas, sempre tem mas…
Como citei na apresentação dessa crítica, por mais violência e mortes que tenhamos, alguns caminhos narrativos foram pouco ou quase nada inspiradores. Eles estão em cenas esporádicas, como quando tenta fazer humor – destaque para a dupla que compra a antiga casa de Michael Myers -, nas cenas caóticas, mas um pouco aleatórias, feitas no hospital onde Laurie se recupera, e, finalmente, em seu clímax, quando a sociedade parece dar o troco ao assassino e ele finalmente confronta (novamente) Karen e Alysson. Nesses momentos, os jogos de câmera e transições desafiam propositalmente qualquer tipo de condição lógica do que está acontecendo. Esses elementos técnicos acabam sendo usados como muleta para um final que todos já esperavam. Por mais que o caminho seja divertido, o final e suas obviedades farão o mais exigente torcer bastante o nariz.
E claro, Michael Myers vive e continua à solta. Pobre Laurie. Pobre Haddonfield.