CríticaFilmes

Gloria Bell: tão bom quanto o original | Crítica

Sabe aqueles filmes latinos que são tão bons que Hollywood quer fazer igual? Pois é exatamente o que temos em Gloria Bell (2018). Mas aqui, uma diferença gritante. É o diretor e roteirista do original Gloria (Chile/Espanha, 2013) quem dirige, digamos assim, seu próprio remake. Com uma roupagem mais comercial, Gloria Bell é uma das grandes estreias de 2019 no Brasil. A assinatura é de Sebastián Lelio, responsável pelo igualmente ótimo Uma Mulher Fantástica, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2018. A estreia no Brasil é no dia 28 de março.

E para sua versão hollywoodiana, Lelio contou com ninguém menos que Julianne Moore. Com uma excelente performance (o que não chega a ser novidade), entramos na vida da mulher de meia idade, separada, com filhos, que paga aluguel, tenta se divertir e trabalha como mais uma corretora de seguros de automóveis em uma grande multinacional. Sempre tentando levar a vida de uma forma tranquila e segura, ela muitas vezes fica à margem dos familiares próximos, expondo sua fragilidade, mas também resiliência. Muita gente vai se sentir um pouco mal ao se projetar de alguma forma na filha Anne (Caren Pistorius) ou no filho Peter (Michael Cera). Embora tenhamos a distância, conseguimos identificar o amor entre os três, além das clássicas preocupações que os pais têm com os filhos. Se eles saírem de suas asas, então, nem se fala.

O diretor, roteirista e produtor Sebastián Lelio e a atriz Juliane Moore em uma das locações de Gloria Bell

Sempre acompanhada de suas músicas no carro – clássicos da década de 70, a trilha sonora acompanha o humor da protagonista, variando de ‘Love is in the air’ à ‘Total Eclipse of the Heart’ o que traz uma leveza e uma graça incríveis para o filme – Gloria frequenta baladas e se relaciona com pessoas de sua idade e realidade social, ao mesmo tempo que tem preocupações com sua aposentadoria, o aluguel, ou mesmo o gato do vizinho que vive entrando em seu apartamento. É um filme sobre a vida real que trata vários assuntos rotineiros, às vezes com drama, às vezes de forma bem agridoce. Até que ela vê no galante Arnold (John Turturro) um companheiro ideal para retomar uma vida de casal. Mas, para nossa alegria cinéfila, é aqui que teremos os dramas e momentos mais movimentados no longa.

Tendo a oportunidade, Gloria Bell se permite viver

Gloria Bell, a Gloria do cinema mainstream, tem nos diálogos e na simplicidade a sua força. As andanças de mãe, filhos, ex-marido e atual namorado vão seguindo uma linha que vai nos trazer separações (bem duras), reconciliações, altos e baixos. É interessante acompanhar todos os detalhes. As terapias em grupo, o chamado pela mãe (dela) em momentos mais tensos, e claro, a grande redenção ao final. É um daqueles filmes simples e ótimos de se acompanhar. De refletir na vida e pensar em como nem tudo é preto no branco, e mesmo em momentos que possam ser bem opostos, ainda se possa colocar alguns contornos em cor de rosa. Ou roxo.

A Vigília Recomenda.

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *