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Fullmetal Alchemist | Crítica

Será que o live action é uma troca equivalente ao anime?

“A Humanidade não pode obter algo sem primeiro dar algo em troca. Para obter, algo de valor igual deve ser perdido. Essa é a primeira lei da Alquimia, a Troca Equivalente. Naquela época, nós realmente acreditávamos que esta era a primeira e única verdade no mundo”. Se você é fã do mangá e anime Fullmetal Alchemist captou a referência logo de cara. E é justamente isso que o live-action que estreou no dia 19 de fevereiro de 2018 na Netflix é: uma produção destinada para fãs.

Claro que se você nunca teve contato com a obra original, o filme de mais de 2 horas, que estreou em 1°de dezembro de 2017 nos cinemas japoneses e foi produzido pela Warner Bros. Pictures, tem início, meio e fim (mais ou menos), resultando em um longa-metragem que pode ser assistido, mas talvez não apreciado por qualquer um. Isso porque a fidelidade com que o filme foi construído, como a caracterização dos personagens, os trejeitos e as piadas funcionam melhor em um anime. Para mim, que assisti as duas versões da animação (Fullmetal Alchemist, de 2003 e Fullmetal Alchemist Brotherhood, de 2009), cada cena era nostálgica, e eu entendia o motivo daqueles cabelos ou das roupas. Talvez algumas pessoas achem toscas. Até com a computação gráfica, que é um ponto fraco do filme (muito fraco por sinal), eu comprei a ideia, muito por saber como era a cena no anime. Agora dá pra entender a jogada Netflix ao lançar os dois animes de Fullmetal em janeiro desse ano. Provavelmente foi para preparar o terreno antes da adaptação com atores reais.

Ed, o alquimista de aço e sua prótese automail

Fullmetal Alchemist – o filme aborda o primeiro arco da trama – que é o mais dramático por ter as duas mortes mais tristes que eu já vi em animes – no qual somos apresentados aos irmãos Ed e Al Elric, que são os protagonistas, a sua amiga de infância Winry, os alquimistas federais, como Roy Mustang, Hughes, Riza, entre outros, e os vilões Homúnculos (nem todos). O enredo inicia com Ed e Al perdendo a mãe e fazendo aquilo que é considerado um tabu para os alquimistas: trazer um ser humano de volta a vida! Se para um adulto essa já é considerada uma tarefa difícil, para duas crianças então nem se fala. O resultado? Ed perde o braço direito e a perna esquerda, enquanto Al o seu corpo inteiro, tendo a alma selada em uma armadura, graças aos esforços do seu irmão. Os dois crescem, se tornam alquimistas de verdade e vão em busca da Pedra Filosofal, artefato mistico e muito poderoso, que eles acreditam ser capaz de fazer com que seus corpos voltem ao normal.

Como citei, é apenas o primeiro arco. Isso fica bem evidente com as pontas soltas que ficam ao término do longa (não falei que o filme tinha fim, só que mais ou menos?). Algumas dessas pontas poderiam muito bem terem sido amarradas em uma cena pós-créditos ou no final mesmo. Personagens cativantes e fundamentais para a história, como Alex Louis Armstrong, Scar, Izumi e mais alguns Homúnculos devem aparecer em continuações futuras. Falando da adaptação, diferente de produções ocidentais, que enxugam muitas coisas, mudam outras, atualizam e incluem subtramas, as orientais são conhecidas pela sua fidelidade quase metódica. Se os próximos filmes de Fullmetal seguirem esse ritmo, teremos bem mais do que uma trilogia (mas como Samurai X funcionou muito bem em três filmes, creio que não necessite).

Acredito que para uma primeira amostra, Fullmetal Alchemist foi bem adaptado e alegrou aqueles que conhecem o trabalho da mangaká Hiromu Arakawa. Pelo andar da história podemos prever um segundo filme com mais ação do que esse primeiro e também mais destaque para Ed e Al nas lutas, já que eles não foram tão “efetivos” nesse live-action. E não custa nada para eles capricharem mais nos efeitos especiais. Quem sabe com uma boa repercussão mundial, mais grana não seja investida nesse projeto? Vamos torcer.

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