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Ferrugem: crueza em tempos modernos | Crítica

O tom de realidade dramática retornou ao Festival de Cinema de Gramado com o filme “Ferrugem”, de Aly Muritiba, na noite de exibições de terça-feira, dia 21 de agosto. Com uma história voltada à realidade do público jovem, o longa inicia de forma leve, mas logo entra em uma profundidade e densidade dignas de te deixar com um nó na garganta. E mostra com crueza e um impacto surpreendente um tema cada vez mais recorrente na sociedade atual. Antes de Gramado, Ferrugem também passou pelo festival de Sundance este ano.

A premissa do filme já virou quase que uma normalidade (e isso é triste) entre adolescentes no mundo todo. Tati (Tiffany Dopke) é uma garota do Ensino Médio, que recém saiu de um relacionamento, mas que já troca olhares com o tímido Renet (Giovanni Di Lorenzi), que parece gostar dela. O que os jovens de classe média de Curitiba não imaginam, é que um início de relacionamento pode terminar em tragédia.

Com muito espaço entre os diálogos, deixando ações e o silêncio falar mais alto, Muritiba costura uma história que pode lembrar 13 Reasons Why, mas com muito mais aspectos envolvidos. Tudo porque fotos íntimas de Tati vazam para todo o colégio, levando a garota a situações extremas. Nesse aspecto, o filme é dividido em dois atos, mostrando os dois lados (ou até mais) da história e de seus personagens. Mas sempre relatando também o quanto as consequências de atos impensados podem afetar não só a vida de uma pessoa, mas também de uma família e uma comunidade.

Ferrugem vai entregando os pontos cruzados da história aos poucos, buscando muito apoio em cenários, ações, som e a falta dele. Também aproveita para colocar algumas subtramas que fogem ao aspecto do mundo dos jovens e cria laços também com a visão dos pais, que muitas vezes acham que passar a mão ou superproteger os filhos pode ser a melhor solução. Na maioria das vezes, não é. Cada um precisa saber das consequências de seus atos, não importa a idade.

Tati (Tiffanny Dopke) e Renet (Giovanni Di Lorenzi) guiam a história de Ferrugem

Ao final dos 100 minutos de produção, podemos perceber que há muitas possibilidades em meio ao cinema nacional. E como o próprio diretor falou antes da exibição, é necessário uma reformulação nas formas de incentivo, hoje, cada vez mais escassas.

Ainda que com dificuldades, algumas boas produções nacionais conseguem chegar ao circuito tradicional de cinemas. Ferrugem é um deles, e estreia dia 30 de agosto.

Veredito da Vigilia

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