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Eu sou Mais Eu: Kéfera tenta, mas decepciona em novo longa

Kéfera Buchmann retorna às telonas com o longa “Eu Sou Mais Eu”, dirigido por Pedro Amorím (Mato sem Cachorro). Na obra, a atriz interpreta Camilla Mendes (sim, quase o mesmo nome da intérprete de Veronica Lodge, de Riverdale), uma pop star que só se preocupa com fama, emplacar hits e o número de seguidores nas redes sociais. Este é o terceiro longa emplacado pela atriz e youtuber como protagonista. Antes ela atuou também em É Fada! (2016), e Gosto Se Discute (2017), além de ter participado dos longas O Amor de Catarina (2016) e A Noite da Virada (2014).

Tudo muda para Camilla Mendes no momento em que uma fã invade a sua casa, fazendo com que ela misteriosamente acorde em 2004, voltando à época que ela era apenas uma estudante do Ensino Médio que sofria bullying. Forçada a reviver uma etapa crucial da sua adolescência, ela precisa, com a ajuda de seu amigo Cabeça (João Côrtes), achar uma forma de voltar a ser a pop star que estava destinada a ser.

A parte mais divertida do filme se dá justamente pela viagem no tempo, fazendo a personagem de Kéfera voltar aos anos 2000, trazendo uma nostalgia muito interessante. Brincadeiras com a existência de locadoras, o clássico celular tijolão da Nokia, a moda da época (que apesar de não parecer, faz bastante tempo) e clássicos da banda Rouge são coisas que o público pode esperar. Entretanto, creio que, assim como outras obras atuais que situam-se em décadas passadas (como as séries Stranger Things e Glow, da Netflix), o filme poderia abusar um pouco mais dessa temática, principalmente na trilha sonora.

Um dos pontos importantes da trama é o bullying. Camilla é chamada de “bizarra” e é alvo constante de Drica (Giovanna Lancelloti), suas amigas e bom, basicamente da escola inteira. A única exceção é Cabeça, que também sofre bullying físico e psicológico dos colegas.

O tema, importantíssimo de ser abordado nas telas, é mostrado em filmes e séries de forma a elaborar melhor essa relação difícil e traumatizante, aprofundando também os personagens “bullies”, o que não vemos em Eu Sou Mais Eu.

O longa não possui muitos momentos de arrancar gargalhadas do telespectador. O núcleo familiar de Camilla, constituído pela mãe (Flavia Garrafa) e pelo avô (Arthur Kohl), é o que mais diverte. Além disso, o que temos são algumas cenas de vergonha alheia e a atuação de Kéfera, que deixa muito a desejar, principalmente nas cenas em que a personagem é cruel ou mal-intencionada (a maioria). Fossem mais as partes em que Camilla se deixa levar pelo momento e acaba mostrando o humor mais abestalhado pelo qual Kéfera é mais conhecida, o filme poderia ter um melhor impacto.

Entretanto, a expectativa sobre a jornada de transformação da personagem de Camilla, uma cantora rica e egocêntrica presa na sua vida adolescente, chama muita atenção. A dinâmica com a sua família e seu único amigo, enquanto ainda acha que para voltar a ser o que era, precisa ser na adolescência tão popular quanto na vida adulta traz uma forte lição para a personagem, que acaba descobrindo uma forma mais autêntica de ser.

A mensagem final poderia ser mais destacada. O público adolescente ao qual o filme é voltado, que poderá identificar-se com questões referentes ao bullying, ia se beneficiar de mais algumas cenas sobre empoderamento e aceitação. Enfim, faltou bastante coisa.

Veredito da Vigilia

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