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Eduardo e Mônica é a crônica de um relacionamento intenso

Quando o primeiro acorde começar a tocar, você vai saber cantar. Independente se você ama, odeia ou é indiferente à Legião Urbana. Você sabe que ela é de leão e ele tinha 16. Onde eles se encontraram também não é segredo: em algum parque da cidade. A história de Eduardo e Mônica está gravada no HD mental de todo brasileiro.

Assim como Faroeste Caboclo, Eduardo e Mônica ganharam um filme para a sua música. Alice Braga deu vida a Mônica e Gabriel Leone (Verdade Secretas), a Eduardo. Talvez você esteja curioso, intrigado ou até tenha alguma dúvida que queira tirar sobre a letra de música. Então, pegue a pipoca e se prepare para uma boa sessão de cinema.

Fiel à música de Renato Russo e Legião Urbana, o filme se divide entre Brasília e o Rio de Janeiro e consegue ilustrar bem os versos da canção. A atuação de Gabriel Leone é ótima, assim como de Alice Braga. Alice dispensa apresentações e sabemos da sua capacidade, porém, durante muitos momentos, parecia que a diferença de idade entre eles era ainda maior que a proposta na música.

Sabemos que a música é sobre as diferenças que podem culminar em amor. Mas, uma mulher formada em medicina saindo com um garoto de dezesseis anos é crime. Além disso, Mônica toma para si um papel muito comum que as mulheres tomam durante os relacionamentos. Ela começa a maternar Eduardo. Começa a cuidar do garoto, ameaçar colocar de castigo e tudo mais. Talvez o roteiro do filme poderia ter cuidado com essas situações, afinal, apesar da música ser da década de 1980, estamos em 2021. Uma atualização seria bem-vinda. Precisamos deixar cada vez mais claro que homens e mulheres têm a mesma responsabilidade num relacionamento. 

Quando uma mulher se propõe a entrar em um namoro, ela não está sugerindo que vai se tornar a mãe do cônjuge. Ela apenas quer ficar junto de quem ela ama, trocar boas experiências e ter uma relação construtiva. Em casos como o de Mônica, ela acabou assumindo um papel que não era o dela e tudo deixou o relacionamento mais pesado.

A falta de maturidade no relacionamento de Eduardo e Mônica é nítida
A falta de maturidade no relacionamento de Eduardo e Mônica é nítida

Inclusive, a falta de responsabilidade emocional de Eduardo é nítida. Ele não consegue lidar com seus sentimentos, com o seu ciúme e não está pronto para uma relação madura. É uma relação complicada por diversos motivos, mas, a diferença de maturidade deles é nítida e gera um estranhamento. Homens precisam entender que assim como eles não gostam de cenas de ciúmes, nós também não gostamos. Ficar de cara amarrada porque estamos nos divertindo com nossos amigos ou porque estamos cansadas e decidimos não sair não é legal. Só nos deixa pressionadas.

Eduardo e Mônica é a crônica de um relacionamento intenso, mas que não sabe ser leve. Um relacionamento imaturo, em que às duas partes tentam se moldar para dar certo. E nessa salada de frutas, cada um deles vai abandonando sonhos, deixando características para trás. Podem até não existirem razões para as coisas do coração, mas precisamos que o audiovisual aprenda muito sobre relacionamentos leves.

Porém, problemáticas a parte, assistir Eduardo e Mônica dá um gosto de nostalgia. O filme é bem feito, as atuações são boas e a obra de Renato Russo está ali, virando arte mais uma vez. A trilha sonora e a ambientação do filme são excelentes, criam a atmosfera de um relacionamento dos anos 1980 ou 1990, quando a internet não existia e o namoro acontecia por telefone fixo.

Depois de vários adiamentos, Eduardo e Mônica estreia dia 6 de janeiro de 2022.

Veredito da Vigilia

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