Crítica

Duas Bruxas: terror sinistro, mas com muitas falhas

Chegou aos cinemas brasileiros o longa Duas Bruxas, um filme de terror que promete te deixar desconfortável na cadeira. 

Prepare-se para uma experiência de terror que não tem muito pudor e que pode até revirar o estômago! Muito além de simples sustos, aqui temos intensidade de forma visceral e violenta.

Duas Bruxas é um filme separado em 2 principais atos, contando histórias envolvendo cada uma das bruxas e suas vítimas mais recentes. Com exceção de uma curta cena no início do filme, o primeiro ato começa sem muitas introduções. O início no leva direto para um caso de uma mulher grávida, Sarah (Belle Adams), que cruza olhares com uma senhora no restaurante e passa a acreditar que foi amaldiçoada por ela.  

Basicamente é isso que posso contar sobre o plot sem entregar muitas informações. Pode seguir lendo, não teremos mais spoilers por aqui. Na verdade, mesmo que fosse além, não haveria muitas informações a serem dadas. Conforme a história de Sarah vai acontecendo, a sensação é de que nada está, de fato, acontecendo.

Talvez seja a falta de uma construção narrativa um pouco mais envolvente ou a falta de conexão que sentimos com a nossa primeira personagem principal (Sarah), mas a questão é que os primeiros 20 minutos do filme acabam sendo completamente sofríveis. Da mesma forma, a nossa primeira antagonista, a “Bicho-papão”, acaba pouco ou nada construída. Assim, novamente não criamos um vínculo mais preciso com a personagem, seja ele pelo medo ou pela empatia.

Além do roteiro meio fraco, temos também algumas problemáticas na pós-produção. Diversas cenas de terror/assombração acabaram entregando algo amador demais, quase cômico. E esse apontamento nada diz respeito ao orçamento do longa, mas sim às decisões de não optar por caminhos que poderiam ter sido mais simples e efetivos. 

Com isso, todo esse primeiro ato acaba de forma completamente nonsense, gerando no telespectador um misto de nojo (que acredito que seja um dos pontos que eles queriam acertar) e confusão. Tudo isso em uma mistura de cenas bizarras e desconcertantes envolvendo fetos, tripas e membros decepados, ao mesmo tempo em que nos entrega personagens irritantes de um quebra-cabeças que parece não se conectar.

Duas Bruxas, no entanto, acerta em chocar e surpreender. O filme nos traz o gore: violência, sangue e sinistros em uma história de terror que busca ir além do jumpscare, proporcionando cenas verdadeiramente desconfortantes e, de certa forma, incomuns no mainstream.

Rebekah Kennedy é Masha, a bruxa maligna do segundo ato de Duas Bruxas
Rebekah Kennedy é Masha, a bruxa maligna do segundo ato de Duas Bruxas

Após esse primeiro ato bizarro, o segundo momento nos leva à outra bruxa, a jovem e esquisita Masha (Rebekah Kennedy). Masha provavelmente é um dos pontos altos do filme, por entregar uma personagem intensa e multifacetada. Claro que o fato de a régua estar baixa após a primeira metade, acaba permitindo que quase qualquer coisa se destaque, mas não vou voltar a esse mérito. A questão é que temos uma nova história que acerta muito onde a outra errou, com mais narrativa e eficácia.

Mesmo assim, alguns problemas voltam a se repetir. Em mais uma contradição, no epílogo temos uma cena completamente desnecessária, que acerta o tom mais para o pastelão do que para o terror e que você dificilmente vai conseguir tirar da sua cabeça.

O final deixa claro que busca uma sequência, fato que mais assusta pelo produto que pode entregar, do que pelo horror em si.

No final das contas, Duas Bruxas acaba sendo uma experiência verdadeiramente diferenciada e que vai sim te deixar desconfortável e desconcertado. Como filme de terror, acredito que era esse o seu objetivo.

Veredito da Vigilia

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