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Downton Abbey e a arte de transformar uma boa série em um ótimo filme | Crítica

Poucas séries conseguem transpor a barreira das telinhas para as telonas com grande êxito. Exceto por animações, os exemplos são escassos. Mas Downton Abbey faz esse serviço com a elegância e requinte dignos da realeza britânica, entregando um filme caprichado nos detalhes, costurando uma trama única em uma gama expressiva de personagens. É interessante deixar claro aqui, que esse que vos escreve jamais teve contato com a série, que por cinco temporadas abocanhou 15 prêmios Emmy. E claro, isso só faz crescer o mérito desta obra, que se por um lado premia os fãs, por outro deixa aquele sentimento de que quem ainda não assistiu pode ter perdido alguns bons momentos em frente à TV. 

A série criada por Julian Fellowes foi ao ar entre 2010 e 2015, contando uma crônica das vidas da aristocracia britânica, da família Crawley e seus ‘serviçais’ nos idos do século XX. E o filme começa exatamente após o episódio final da série. A direção é de Michael Engler, e tem roteiro do próprio Fellowes. Completam o time todo o elenco oficial, composto por excelentes nomes como Matthew Goode como Henry Talbot, Tuppence Middleton como Lucy Smith, Maggie Smith como Violet Crawley, Michelle Dockery como Lady Mary Talbot, Elizabeth McGovern como Cora Crawley e muitos outros.

Downton Abbey: elegância, excelente produção e uma história que funciona.

A trama que move desde os empregados até o casal real da Inglaterra parte justamente da visita dos monarcas em Downton Abbey. A localidade precisa se preparar em todos os aspectos para fazer jus à honraria. E a partir daí vemos as diferenças de perfis dos personagens e uma certa luta de classes entre ricos e pobres. Os ricos preocupadíssimos na imagem que vão passar, e os pobres revoltados com a chegada de pessoas que vão abafar seus trabalhos. É interessante ver que há quem se importe com toda a pompa dos eventos reais nos dois núcleos, assim como há que não está nem aí, também nos dois núcleos. E o grande mérito do longa é contar uma história só, com tantos personagens, dando início, meio e fim para cada um deles. Todos importam e todos possuem arcos completos. A costura é perfeita.

Michelle Dockery é Lady Mary Talbot e Matthew Goode é Henry Talbot em Downton Abbey

Downton Abbey (novamente dizendo, nunca havia assistido a série) é o tipo de filme que cativa pela sua simplicidade. Explico: apesar de termos uma produção caprichada, figurinos excelentes e radiantes, e uma perfeita recriação da vida inglesa no século XX, a história se ampara em algo que mistura toques de realidade com novela. Ele não precisa de efeitos especiais, grandes campanhas de marketing, mas basicamente uma boa história, um bom ritmo e uma boa edição. E nessa mistura toda, uma interessante alternância de núcleos, que consegue passar pequenas mensagens, retratar a sociedade do passado e do presente e fazer você se sentir amplamente satisfeito ao sair da sessão. É bom destacar aqui: para quem gosta de produções com a pegada britânica, essa é a sessão perfeita. Agora, pra quem está mais disposto a uma sessão movimentada, talvez esse não seja o filme ideal.

Downton Abbey é um excelente passatempo. E a prova que no cinema, uma história bem contada ainda é melhor do que efeitos mirabolantes. O clássico menos é mais.

Veredito da Vigilia

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