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Dota: Dragon’s Blood aproveita mal a mitologia criada nos games

Dota 2, game desenvolvido pela Valve, virou anime na Netflix. Dota: Dragon’s Blood é uma parceria entre a Coréia do Sul e os Estados Unidos, sendo animado pelo Studio Mir, o mesmo de A Lenda de Korra, Voltron: Legendary Defender, algumas das mais recentes animações da DC Comics e pelo vindouro anime de The Witcher

Falando em The Witcher, o primeiro episódio de DOTA possui a mesma vibe da série estrelada por Henry Cavill: Um caçador de monstros (aqui especificamente dragões), chega em uma cidade, derrota a ameaça e tem o seu bardo enchendo a sua bola, exagerando nas histórias vividas pelo guerreiro, que aqui seria Davion, o Cavaleiro Dragão. Tal alcunha nunca foi tão apropriada, uma vez que no primeiro episódio, nosso herói se funde ao dragão Slyrak, fazendo-o por vezes se transformar em um híbrido das duas espécies e acordando no outro dia sem saber direito o que aconteceu (ou quem ele matou).

O visual do híbrido de dragão e humano não mete tanto medo assim

A jornada de Davion muda ao cruzar o caminho de Mirana e Marci. Logo descobrimos que Mirana é uma princesa e está em missão para resgatar algumas flores de lotus sagradas, roubadas do Bosque de Noiteprata, pela elfo Fymrym. A partir daí, vemos essa jornada se mesclando com a mitologia de Dota, que ao meu ver, foi mal explorada. 

Mirana, a princesa guerreira

Logo no início do anime, nós é apresentando um mito de como surgiu aquele mundo e de como um ser, Terrorblade, é perigoso. O vilão aparece novamente no capítulo de estreia da série, parecendo que seria a grande ameaça a ser combatida pelos mocinhos. Porém, só volta no final, nos mostrando que ele não era quem devíamos realmente temer. A trama da deusa Selemene, que aborda a devoção forçada que grandes referências necessitam para se sentirem vivas, é a mais interessante do anime, principalmente quando ficamos sabendo de seu passado.

A deusa Selemene possui uma necessidade de ser amada

Os oito tipos de dragões vistos no game aparecem também em determinado ponto do anime, mas infelizmente não os vemos em ação, bem como suas habilidades, além de outras criaturas fantásticas, que poderiam ser mais ameaçadoras durante toda a narrativa.

Fymrym gostou das flores de lótus e reolveu levá-los para acasa

Os protagonistas também não são os mais carismáticos do mundo das animações, possuindo uma química meio “forçada”. A tentativa de formar um casal entre Davion e Mirana não parece orgânica, se tornando até mesmo apressada no final. O que pode deixar o Cavaleiro Dragão um pouco melhor, é assistir a Dota: Dragon’s Blood na versão dublada. Wendel Bezerra, nosso eterno Son Goku empresta a voz para Davion, fazendo com que matemos a saudade de vê-lo dublar um protagonista novamente. O ponto negativo em relação a versão brasileira são algumas vozes repetidas em personagens, que nos dão a impressão de estar vivendo novamente nos anos 90, quando víamos Marcelo Campos dublar vários personagens em uma mesma série, como no caso da primeira versão de Os Cavaleiros do Zodíaco, na qual ele interpretou cinco papéis. 

Wendel Bezerra dubla Davion, em Dota

Obviamente todas essas pinceladas de mitologia deverão ser melhor exploradas nas temporadas seguintes do anime, que encerra os seus oito episódios com um final em aberto. O certo é que até lá, teremos mais pessoas começando a jogar Dota ou voltando a sentir o gostinho de viver essa aventura.

Veredito da Vigilia

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