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Dorohedoro é estranhamente divertido | Crítica

O anime de Dorohedoro é uma experiência única e pode ser sintetizada em uma palavra: estranho. Baseado no mangá de Q Hayashida, que possui 23 volumes publicados entre 2000 e 2018, a animação foi produzida pelo estúdio MAPPA e distribuída mundialmente pela Netflix. Só pelas imagens de divulgação e pelos trailers, o público já pode prever que a história será uma miscelânea de bizarrices, a começar pelo protagonista, que tem um corpo humano, mas com uma cabeça de lagarto. 

Caiman e a estranha maneira de saber quem foi o feiticeiro que aprontou pra cima dele

Em Dorohedoro temos dois mundos. O primeiro é o dos feiticeiros, seres que utilizam máscaras esquisitas quase que o tempo todo (esquisitas como uma com a aparência de um frango assado, outra de coração e uma que parece mais um morcego morto). Enfim, tais feiticeiros possuem uma poeira que sai das pontas dos dedos e que lhes permitem fazer mágica. En, o antagonista da história, por exemplo, possui a habilidade de transformar tudo e todos em cogumelos (isso mesmo!). Eles também podem ir e vir do outro mundo, o Buraco, por uma espécie de porta, criada com a tal magia. 

Chamamos En de antagonista, porque não dá para chamá-lo de vilão depois dessa imagem

É no Buraco onde o nosso protagonista mora (não se perca, é o com cabeça de lagarto). Porém, ele perdeu a sua memória e, por isso, não sabe qual feiticeiro aprontou essa para ele – Você pensou que ele nasceu com essa cabeça, não é mesmo? Ok, com tudo que temos no anime, não dá pra te culpar por isso! – Para ajudá-lo, temos a sua amiga, Nikaido, que possui um restaurante e sai por aí com Caiman para descobrir o culpado pela aparência do rapaz. 

Voltando a falar dos feiticeiros, mais especificamente En, é uma espécie de gângster. Viciado em cogumelos, ele conta com capangas para fazer o trabalho sujo. Shin e Noi são os principais, juntos, eles têm uma pegada que lembra muito John Travolta e Samuel L. Jackson em Pulp Fiction, com as suas conversas aleatórias e algumas cenas de humor negro quando estão executando suas missões. Aliás, o anime bebe uns goles de Quentin Tarantino ao apresentar bastante sangue e piadas ao mesmo tempo. Ainda dentro das referências, temos espaço até mesmo para homenagear o nosso querido Kamen Rider.

Noi e Shin são tipo Pulp Fiction

E é essa justamente a melhor característica de Dorohedoro, que tem um tempo certeiro para o humor, simultaneamente apresentando uma mitologia que encaixaria melhor em uma história de terror, mas que aqui fecha muito bem. Mas, esse mundo doido que vamos conhecendo aos poucos vai ficando cada vez mais complexo, e isso pode tirar alguns espectadores da frente da telinha. 

Falando no dinamismo da trama, Dorohedoro aproveita cada instante dos minutos dos episódios, tanto que temos sempre uma “quase” cena pós-créditos depois do tema de encerramento, detalhe que não te permite ir de uma vez para o próximo capítulo. Esse dinamismo também está presente no tema de abertura, que da mesma maneira que a música do final, muda constantemente as imagens de seu clipe, nos convidando a não apertar o botão de “pular abertura”.

Você já viu uma barata jogando beisebol?

Se você quer assistir a um anime descompromissadamente e rir um pouco, Dorohedoro pode ser uma ótima pedida. Mesmo assim, não duvido que muitas pessoas larguem essa série antes dos seus 12 episódios, o que pode ser normal, devido a algumas piadas desnecessárias (com mulheres) e as esquisitices que vemos, como uma barata gigante jogando beisebol ou uma corrida para ver quem mata mais zumbis … ou, até mesmo uma festa repleta de corpos pendurados de cabeça para baixo. 

Veredito da Vigilia

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