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Dor e Glória: A Glória e as Dores de um Gênio | Crítica

Dor e Glória (Dolor  y Gloria) é um convite ao íntimo de Pedro Almodóvar. O filme estreia dia 13 de junho em todo o Brasil, trazendo uma produção que recebeu fortes aplausos durante o Festival de Cannes de 2019. No longa, Salvador Mallo, interpretado brilhantemente por Antonio Banderas, é um cineasta em declínio e, nitidamente, alter ego do diretor espanhol. Logo no início, o filme nos apresenta o protagonista, com suas inúmeras doenças físicas e psicológicas, em um jogo de cores extremamente representativo, típico de Almodóvar.

A não linearidade da narrativa de Dor e Glória nos propõe diversos reencontros, físicos e nas memórias de Salvador. Através deles, se fazem presentes a angústia, os anseios, o bloqueio criativo e as dores do personagem. Um homem melancólico e solitário que vive em um apartamento decorado com quadros do próprio Almodóvar, em uma Rua de Madrid, onde ele realmente vive.

Após rever Alberto (Asier Etxeandia),  o ator de uma de suas produções de maior sucesso, com o qual não falava há 32 anos, Salvador acha conforto na heroína, sua companheira nas viagens ao passado, onde a protagonista é a relação dele com a mãe, interpretada por Penélope Cruz. As cenas de “Salva” criança são delicadas, mostrando uma mãe dedicada e um menino que vê seu mundo ampliando pela leitura e curiosidade.

Um filme de Almodóvar é sempre uma mistura inusitada de sensações

Também é nesses flashbacks que nos deparamos com uma das cenas mais lindas da produção. Dentro da caverna onde vivia com os pais, o menino se depara com a beleza e a descoberta do desejo enquanto seu aluno (um jovem de seus 20 e poucos anos) se mostra nu diante de seus olhos surpresos e de seu corpo febril. Um momento em que a sensibilidade explode na tela.

Em muitos momentos é perceptível o desespero do artista por não criar e o quanto a produção é vital para ele. Entretanto, sua rotina escura, seus anseios, seu vício e suas dores são abandonados quando Salvador encontra Federico, um amor do passado, interpretado por Leonardo Sbaraglia. Uma demonstração clara de como uma paixão é capaz reacender a vitalidade e a criatividade.

É com essa necessidade confessional que a narrativa se desenrola. Como o diretor declarou em algumas entrevistas, não se trata de um filme autobiográfico, mas é o que melhor o representa. Perto de completar 70 anos, o cineasta nos brinda com uma obra sensível, que aborda a finitude e brinda a vida, a arte com todas as cores e dores do próprio Almodóvar.

Dor e Glória. A Vigília Recomenda!

Veredito da Vigilia

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