CríticaFilmes

Crimes em Happytime: muppets e alucinógenos | Crítica

Sempre bom começar com um aviso: Crimes em Happytime não é um filme infantil, não se deixem enganar pelos fantoches. Se vocês estavam esperando chegar no cinema para ver uma comédia divertida no estilo Muppets com a curadoria da Disney, esse não é o filme. Crimes em Happytime é uma produção bem adulta, com humor pesado, cheio de duplos sentidos sexuais e fantoches. O longa, dirigido por Brian Henson (Os Muppets na ilha do tesouro, 1996), filho do criador dos Muppets, Jim Henson, chega aos cinemas do Brasil dia 27 de setembro.

Essa imagem, por si só, é puro combustível de pesadelos

Toda a história de Crimes em Happytime gira em torno de uma investigação feita pelo detetive particular Phil Phillips (Bill Barretta), um fantoche expulso de seu cargo na polícia de Happytime, e sua ex-parceira, Connie Edwards (Melissa McCarthy – Alma da Festa. 2018). Tudo começa com um simples caso de stalker chantageando uma fantoche e desse ponto em diante é uma grande bola de neve, contando com assassinatos em série, fraude, abuso de drogas e tudo o que um filme de investigação policial dos anos 80 teria. Porém, com fantoches.

Creio que os primeiros 10 minutos de Crimes em Happytime sejam a melhor parte do filme, disparado. Quando somos apresentados ao detetive Phil, ele mostra uma relação de exclusão social entre humanos e fantoches. Em apenas 10 minutos de filme, o roteiro traz um tema pesado de desigualdade social e como os fantoches são obrigados a viver uma vida com menos dignidade por serem segregados por humanos. Desde que assisti Frozen – uma única vez – não havia sido tão enganada por uma introdução de roteiro.

A ideia da segregação continua, mas muito em segundo plano porque a atenção de quem assiste é revertida a cenas sexuais, como a gravação de um filme pornô entre um fantoche de vaca e um fantoche de monstro alienígena. Não, você não leu errado. Crimes em Happytime busca um tipo de humor de impacto, que choque e deixe as pessoas sem jeito enquanto assistem. Posso garantir que o longa obtém sucesso deixando as pessoas com vergonha alheia enquanto estão no cinema, aqueles momentos que você ri porque não tem outra saída a não ser essa.

Talvez Crimes em Happytime peque por tentar ser um filme “lacração”. A ideia de que “bom, são fantoches, então podemos ver até onde a linha da censura vai” faz com que o roteiro em si fique desfocado. Por exemplo, um breve sumário dos temas que são pincelados no filme:

– Abuso de drogas;
– Incesto;
– Exploração sexual;
– Segregação racial;
– Machismo;
– Pressão estética.

E, inexplicavelmente, nenhum desses tópicos é aprofundado. Claro, o filme em si é sobre uma série de assassinatos, mas então por que colocar tantos assuntos em apenas 1h e 30 minutos de filme? A sequência de cenas parece ter sido colocada em ordem por um adolescente de 13 anos em uma aula de biologia vendo o corpo humano nu em um livro pela primeira vez: “HAHAHA sexo HAHAHA bebidas UHUL DROGAS HAHAHA fantoches fazendo sexo”. Nem Melissa McCarthy consegue salvar o filme.

Durante o filme não havia percebido a harness no fantoche viciado em drogas, bem provavelmente indicando que ele é escravo sexual. Esse filme é uma viagem.

Crimes em Happytime não tem um humor inteligente, sofisticado ou limpo. Talvez eu não seja o público-alvo da produção, porém é sempre bom alertar que: se você curtia os filmes da franquia de American Pie ou se gosta de humor sem noção, pode assistir com segurança. Se essa não for a sua primeira escolha quando se falando de comédia, talvez é melhor deixar Crimes em Happytime de lado. Mas, assim, sempre que você achar que já viu de tudo na vida, pode assistir o filme e se surpreender com uma cena de sexo – bastante explícita mas ainda dentro da censura – entre dois fantoches. Posso garantir que é traumatizante.

Pedro, me traz o alvejante que eu não quero mais enxergar!

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *