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A Sereia: Lago dos Mortos esbarra nos clichês do gênero | Crítica

Do diretor Svyatoslav Podgayevskiy, conhecido pela sua pegada de terror, como em A Noiva (2017) e A Dama no Espelho: O Ritual das Trevas (2015), chega aos cinemas de todo o Brasil A Sereia: Lago dos Mortos. O terror russo chega com um visual marcante, muito digno das obras feitas para assustar, mas esbarra em uma trama bem genérica deste tipo de cinema, e aposta mesmo nos jump scares, sem medo de ser feliz.

É bem verdade que um terror russo, por si só, já larga na frente. O país gelado normalmente constrói boas atmosferas e o clima frio, tradicionalmente está ligado às possibilidades de sentir medo, se encolher na cadeira e se preparar para sustos. Alguns podem até pensar que o idioma conta neste quesito também, mas infelizmente, como a maioria das produções da antiga cortina de ferro, essa obra chega por aqui com uma canhestra dublagem em inglês. Ou seja, mais um ponto negativo a se elencar, pois possivelmente você verá os atores quietos falando, ou movendo os lábios em momentos que não há fala.

Mas em A Sereia: Lago dos Mortos, temos um filme de origem de uma nova “mitologia”. Podgayevskiy investe em um ser sobrenatural que ataca o jovem Kitaev em um lago durante uma indigesta festa de despedida de solteiro organizada pelos seus amigos. O local da festa é um antigo sítio herdado pela família do rapaz, que perdeu a mãe e tem relações cortadas com o pai. A mãe morreu para salvar o pai no mesmo lago, então, só isso já dá uma noção das relações impostas entre todos eles. Quem acaba entrando de gaiato na história é sua noiva Marina, sua irmã Olga e seu melhor amigo.

Após o primeiro ataque, coisas estranhas começam a acontecer com o jovem Kitaev, que é um nadador em ritmo de competições. Mesmo o fato dele ser um exímio nadador não explica a terrível ideia dele tomar banho num lago escuro (quase um pântano), de noite, sem ninguém por perto. Ser atacado por uma entidade maligna por lá foi até lucro. A partir daí entramos numa espiral de sustos, aparições macabras da tal sereia, ataques e crises de alucinações e, voi lá, algum motivo que os faça voltar até o tal lago.

Terror sem personagens com péssimas ideias nem é terror

É quando a turma toda volta ao lago que as coisas começam a pesar. E mesmo que você desligue a chave da realidade e entre de cabeça no clima do filme, vai se dar conta que falta muita coisa (além de um roteiro mais interessante). Lá pelas tantas, você percebe que o filme pode estar acabando e até então, não tivemos sequer uma morte para contabilizar o peso da entidade vilã. Então surgem algumas tentativas frustradas de resolução, e você vai percebendo que perderam várias chances de terminar o filme sem precisar enrolar ao máximo os espectadores.

Uma tentativa de plot-twist pra cá, uma tentativa de mostrar alguma relação entre ações pregressas dos personagens que possam ser usadas no enfrentamento da tal sereia … e enfim. Nada de novo sobre o sol. O filme termina como acaba, sem grande impacto, apesar de bons efeitos especiais e um clima perfeito para o gênero. Uma história mais bem contada poderia dar aos russos uma bela obra. Mas, não foi dessa vez.


Veredito da Vigilia

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