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Bumblebee, a redenção dos Transformers | Crítica

Das primeiras até as últimas escolhas, Bumblebee já se desenhava como um promissor filme de aventura (comentamos isso aqui). A protagonista Charlie, vivida pela contagiante cantora Hailee Steinfeld, a aclimatação nos anos 80, o personagem como um simpático Fusca e uma trilha sonora matadora, tudo trabalhou a favor. Mas, especialmente, a cereja no bolo de Bumblebee é a direção minimalista de Travis Knight (do excelente Kubo e as Cordas Mágicas). Nenhum dos outros itens seria tão bem amarrado sem a mão esperta de um diretor promissor e cheio de serviço para mostrar. O resultado? O melhor filme dos Transformers já feito. Sim. O spin-off e prequel Bumblebee deixou a megalomania de Michael Bay comendo poeira no asfalto. Entre no Fusca amarelo no ano de 1987 e se deixe divertir por quase duas horas dentro do cinema.

Bumblebee é o melhor de todos os Transformers

Como filme de origem, ou prequel, como queiram, Bumblebee conseguiu ser muito mais funcional do que o pretenso Solo: Uma História Star Wars, só para termos um comparativo com outra famosa franquia. As explicações que refletem fatos já consolidados nos primeiros filmes foram trabalhadas com mais carinho e são mostradas de uma forma muito mais orgânica. E talvez isso seja explicado também pelo próprio personagem, que sempre foi o mais querido de todos os Autobots. Interessante também endossar que Bumblebee é realmente o protagonista, equilibrando muito bem sua história com a da garota Charlie.

Charlie (Hailee Steinfeld) e seu Bumblebee. Inveja desse fusquinha.

Charlie por sua vez já conquista o público de cara. Hailee Steinfeld traz muito carisma e girlpower. No papel da adolescente – quase independente – que completa 18 anos, mas que tem alguns traumas importantes na família, ela entrega a carga necessária para que você já se importe com ela e já entenda os motivos de sua paixão pelos carros. Em menos de dez minutos você verá ela ao som de Bon Jovi, Aerosmith e The Smiths e mais uma penca de situações que só eram possíveis nos anos 80, e claro, isso tudo trabalha a favor do filme. E sem que pareça algo forçado.

A trama é clássica e batida, mas funcional. Os Autobots estão sendo dizimados de Cybertron, seu planeta natal, pelos Decepticons. Aliás, as cenas de luta por lá estão muito boas. Ao contrário dos filmes anteriores, elas estão mais fáceis de se visualizar, sem aqueles exagerados movimentos de câmera que só servem para atordoar quem está na cadeira do cinema. Mais um ponto para Bumblebee. Com o planeta quase destruído, Bee é lançado na Terra para que a resistência dos Autobots possa sobreviver. Mas é claro, os problemas virão atrás dele.

A relação de Charlie e Bumblebee é um dos pontos fortes do filme

E é na Terra e na relação do transformer com Charlie que temos uma boa parte das melhores cenas do filme. É gostoso de assistir todo o processo de conhecimento de um e de outro, cada vez mais descobrindo as camadas que eles têm. Some a isso alguns takes incríveis de estradas à beira-mar na Califórnia, amigos adolescentes e toda a energia que os envolve (e pequenas tretas também).

Temos robôs gigantes, mas não precisamos de milhares deles…

Outra fatia importante do sucesso e da qualidade do filme está no pensamento contrário ao estabelecido por Michael Bay, que quer exagerar em tudo. Para Travis Knight e Bumblebee, menos é mais. E ele não precisou de mais de três robôs gigantes para mostrar que um filme legal precisa de uma boa história, boas motivações e uma mescla importante com humor e personagens. Quase todos estão muito bem. Desde a família de Charlie, seu interesse – pouco – amoroso Memo (Jorge Lendeborg Jr.), e o quase vilão John Cena. Exatamente, o lutador de Wrestling norte-americano entrega um clássico brutamontes do exército que combina especialmente com os filmes de ação dos anos 80. E suas falas, por mais que sejam propositalmente clichês, dão também um tom de nostalgia para o filme. E pelo que mostrou aqui, ele é realmente badass.

No desfecho de tudo, ainda temos todas as subtramas se fechando de uma forma convincente e em alto astral. Uma delas envolve Bumblebee e o clássico de John Hughes, O Clube dos Cinco, que, certamente precisa da trilha adequada. E para encerrar, o clássico take do transformer andando em uma rodovia linda: a Golden Gate de São Francisco, com direito a um caminhão ao lado, só pra deixar a gente com aquela pulga atrás da orelha.

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