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Bright é ação, comédia e “doidera da boa” | Crítica

A Netflix usou a Comic-Con Experience (CCXP) como uma premiere especial de Bright, novo filme de David Ayer com Will Smith e Joel Edgerton. E acertou em cheio. O público recebeu muito bem a nova produção em uma rara oportunidade de assistir um filme original do serviço de streaming nas telonas (assim como em O Matador, que assistimos no Festival de Gramado). A mistura de O Senhor dos Anéis com Dia de Treinamento consegue impactar pelas cenas de ação, pela tênue discussão de bullying e divisão racial e também pela comédia. O ritmo é quase frenético, embora ainda não estejamos a frente de um filme divisor de águas em nossas vidas. É entretenimento e “doidera” da boa, com uma bela dupla de protagonistas. E um respiro total para David Ayer, que acabou levando a pior após toda a função de Esquadrão Suicida.

Will Smith, Joel Edgerton e David Ayer depois da exibição de Bright na CCXP. Foto: Robson Nunes

Tudo acontece em uma Los Angeles distópica, onde Orcs, Elfos, Humanos, dragões tudo que envolve os clássicos contos de fadas e seres mágicos de RPGs, convivem em um mesmo ambiente. Não necessariamente em harmonia. A Polícia é vista com maus olhos pela sociedade e nomeia o primeiro Orc, Nick Jacoby (Edgerton) como oficial. Ele faz dupla com Daryl Ward (Will Smith), e o parceiro humano logo leva a pior em uma situação de rua. Em seu retorno, Ward e toda a corporação, tentam fazer o novo membro ser expulso, no caso clássico do “você não é da nossa turma, então não presta”. Algo bem parecido com o que acontece no mundo real, seja na escola, nos ambientes profissionais, na política e em tudo que envolve segregação racial.

Além de ter que se ambientar com os costumes humanos, ou de orcs, depende do ponto de vista, a história nos leva a um místico caminho onde Elfos querem recuperar uma varinha mágica. Com ela, o céu é o limite, e já dá pra entender que num mundo desses, obter esse poder pode mudar toda a história. Principalmente se os Elfos não forem tão bonzinhos como em outros mundos da cultura pop. E somente os Bright, pessoas iluminadas e diferentes, podem usar a varinha sem, literalmente, virar carvão. E isso vai desencadear uma série de situações que ainda vão envolver diferentes bairros e gangues de Orcs e uma máfia de Elfos.

E tudo leva uma produção considerável. David Ayer recria uma Los Angeles interessantíssima. Fique atento aos detalhes de cenários e tomadas panorâmicas. Você pode ver algum dragão voando por lá. Além disso, as cenas de ação são levadas ao extremo e os ouvidos vão doer quando rolarem alguns tiroteios. Smith e Edgerton tiveram um laboratório curioso para seus papéis. Como eles comentaram durante a CCXP, eles acompanharam operações reais da polícia em Los Angeles, indo literalmente de carona para situações de tráfico de drogas e abordagens que envolveram até mesmo prisões. As maquiagens e interpretações estão à altura do investimento: você vai levar medo de Noomi Rapace e vai se divertir e ver realmente expressão (mesmo com uma máscara) na cara do Orc vivido por Joel Edgerton.

A recepção da CCXP, toda de fãs, foi boa, e Bright entregou um público aquecido para o painel de David Ayer, Will Smith e Joel Edgerton. Tanto que já foi iniciado o coro para uma continuação da história. O que não seria de todo o mal. Depois do filme já dá pra imaginar uma série de situações a se explorar com um mundo tão rico criado por Ayer. E sinceramente, eu veria mais uns cinco filmes com essa temática sem problema algum. Ponto para a Netflix.

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