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Bridgerton explora a busca pelo amor em tempos antigos

Procurando uma nova série romântica e de época para chamar de sua? Pois bem, talvez seus problemas acabem neste final de 2020 com a estreia da adaptação de Bridgerton na Netflix. A novidade, apresentada em uma embalagem de luxo, com figurinos, cenários e uma fotografia digna da era vitoriana, é uma aposta cara do serviço de streaming para contar uma história que mistura os velhos costumes da sociedade, na clássica busca das donzelas (e cavalheiros) por um amor que possa durar a vida inteira. E nessa busca, é claro, temos uma verdadeira novela, com vários núcleos, uma trama amparada em fofocas de uma Londres no Período Regencial, e uma pitada forte de pimenta, com o maior índice percentual de cenas de sexo (quase nunca explícitos) por minuto de episódio. Aliás, ao todo, são oito capítulos com quase uma hora de duração cada.

Bridgerton é uma série criada por Chris Van Dusen e inspirada nos best-sellers de Julia Quinn. Seus livros foram traduzidos para 29 idiomas e já atingiram a marca de 8 milhões de exemplares vendidos, sendo 3,5 milhões, justamente os da “Os Bridgertons”. Apesar de ter a história centrada em  Daphne Bridgerton (interpretada por Phoebe Dynevor) e sua relação com o Duque de Hastings (Regé-Jean Page), vemos vários personagens indo e voltando e orbitando a sociedade de Londres, onde as maiores preocupações das famílias ricas era arranjar bons casamentos para as filhas (ou filhos). É nesse meio cheio de frivolidades que conhecemos o casal protagonista, que tinha tudo para se dar bem, mas, como estamos em uma novela, fica entre idas e vindas, amor e raiva, basicamente a série inteira. O lado bom é que a dupla cativa e forma, mesmo que de forma bem caricata, um casal com química. O lado ruim é que os conflitos são pouco convincentes.  

Em Bridgerton temos vários núcleos, cada um com sua sub-trama

Mas não é só a história de idas e vindas de Daphne e Hastings que preenchem a narrativa toda. Basicamente cada irmão da família Bridgerton tem uma sub-trama, assim como a família mais próxima deles, e a realeza fictícia desse universo. Além disso, temos uma misteriosa mulher chamada Lady Whistledown, que sempre bem informada, distribui um jornal (bem coisa de tabloide inglês) com fofocas das vidas particulares de praticamente toda a sociedade. O mistério é claro, acaba sendo um dos charmes de Bridgerton, embora os dramas vividos aqui sejam quase que irrelevantes: Com quem fulana vai casar? Quais são seus dotes? Qual seria o melhor marido? É possível se casar e se apaixonar ao mesmo tempo? O que será que a sociedade vai pensar?, são alguns dos exemplos dos “conflitos” que teremos em tela. Por isso, a produção é bem próximo do que temos nas novelas (brasileiras ou não). Não por acaso, os contos de Julia Quinn se enquadram na literatura romântica/sexual que se ampara muito mais nas ações e descrições de cenas ousadas do que propriamente uma história com reviravoltas ou temas mais rebuscados.

Bridgerton: Uma Grande Família

Dessa forma, a série (ou novela de época), pouco nos preocupa. Fica fácil saber o que poderá acontecer com o desenvolvimento e o destino de cada um dos personagens. E talvez isso seja um trunfo em épocas que vemos uma verdadeira guerra dos serviços de streaming. Como a Netflix aposta muito em conteúdo para jovens e adolescentes, e o mercado de novelas no Brasil é basicamente um monopólio do Globoplay, o canal norte-americano pode estar iniciando uma série com vida longa e um assunto que muito cativa o público brasileiro de forma geral.

Com seus pontos positivos amparados em uma produção impecável, colorida e um elenco jovem, Bridgerton não chega aos pés de uma Downton Abbey ou mesmo The Crown, mas deve aproveitar um hype dos fãs dos livros para se manter relevante e até fazer “carreira” entre as séries mais longevas da Netflix. Pra quem gosta de novela adolescente, é um prato cheio!

Veredito da Vigilia

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