Séries

Blockbuster não se destaca, mas diverte

Chegou à Netflix na última semana, uma nova sitcom. Dos criadores de Brooklyn 99 e de Superstore, “Blockbuster” fala sobre a última grande rede de videolocadora. Ironia do destino, a famosa franquia de aluguel de filmes (versão física) teve, na vida real, a chance de “comprar” a Netflix. Agora – plot-twist da vida – ela virou uma quase meta-linguagem: a locadora física sendo ironizada pela locadora de streaming.

De cara a série lembra as séries citadas acima pelo estilo, formato e por focar em uma equipe de trabalho de um lugar específico. Troque a delegacia ou o supermercado por uma locadora e a identificação fica clara. Temos, inclusive, como protagonista, Melissa Fumero, a Amy de B99, interpreta Eliza, uma personagem muito similar: a garota dedicada ao trabalho que também é o interesse romântico do protagonista.

Mesmo bebendo (quase se afogando) da fonte desses outros projetos, Blockbuster consegue trazer uma nova energia, com um elenco muito carismático e centenas de referências a algo que amamos: filmes. Filmes do passado, filmes de natal, tretas de famosos… são diversos os comentários feitos pelos personagens, que, é claro, por trabalharem em uma locadora, sabem bem do que estão falando.

A história se desenvolve a partir da premissa de que todas as Blockbusters do mundo fecharam, restando somente uma, a loja de Tim (Randall Park, de WandaVision), que agora, sem apoio de uma grande corporação, precisa ressignificar o seu negócio, trazer lucros e fazer com que o formato de aluguel de filmes tradicional funcione em plena época de streamings.

O elenco, diverso e carismático, é um ponto de destaque da série, que precisou (e ainda precisa) lutar por seu lugar ao Sol. Além de Melissa e Park, temos Tyler Alvarez como Carlos, um apaixonado por cinema que quer ser o próximo Tarantino ou Robert Rodriguez (mas sem os bonés estranhos, segundo o personagem); Kamaia Fairburn como Kayla, uma adolescente revoltada; J.B. Smoove como Percy, melhor amigo de Tim, pai de Kayla e dono da loja vizinha; Madalaine Arthur como Hanna, uma jovem esquisita e simpática; e Olga Merediz, como Connie, uma aposentada que adora trabalhar na loja.

O elenco completo de "Blockbuster", nova sitcom da Netflix
O elenco completo de “Blockbuster”, nova sitcom da Netflix

A sacada da dona Netflix foi a de produzir uma série sobre uma era que ela mesma ajudou a encerrar: a do aluguel tradicional de filmes. Inclusive, uma trivia da vida real: em 2000, a Blockbuster recebeu uma oferta dos co fundadores da plataforma de streaming, Marc Randolph e Reed Hastings, para comprar a ideia da Netflix, que então estava no período de aluguel de DVD’s por correio, formato que originou a plataforma como a temos hoje.

O desenrolar da série, no entanto, não surpreende. Onde poderia ser um pouco mais ousada e com possibilidades ainda mais marcantes de referências de filmes e participação de celebridades, deixou a desejar. Ao meu ver, hoje como uma das maiores empresas do mundo, a Netflix poderia ter inovado ao criar um produto muito mais “metaversado”, que conversasse com outros produtos e criações.

Talvez um raciocínio meio exagerado? Talvez, mas que bem planejado poderia até ter sido um destaque na época da guerra dos streamings e de tantas produções.

Mas voltando à trama de Blockbuster, outro ponto que deixa a desejar é na construção do romance principal, que logo de cara já sabemos se tratar dos personagens Tim e Eliza. Ao que tudo indica, é mais uma versão do casal Jake & Amy (B99) e Amy & Jonah (Superstore): um romance fofo que demora a se desenrolar. Com exceção disso, vale elogiar aqui a química e boas atuações de Melissa Fumero e Randall Park.

Melissa e Randall formam um bom par nas telas, mas seus personagens não trazem nada de muito novo à história
Melissa e Randall formam um bom par nas telas, mas seus personagens não trazem nada de muito útil para a história

Com tudo isso, não pense que a série é ruim! Só vale baixar algumas expectativas para poder, de fato, aproveitar todos os pontos positivos que a série tem a oferecer. Além do elenco em si, vemos a clara evolução dos personagens, episódio após episódio, na busca pelo seu desenvolvimento pessoal e profissional, algo muito gostoso de acompanhar.

Ao longo dos 10 episódios de vinte e poucos minutos, temos diversão, muitas referências e uma boa construção para uma segunda temporada, caso a série seja renovada (o que espero que aconteça).

Blockbuster é uma boa dica para assistir sem compromisso e sem preocupações.

Veredito da Vigilia

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