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Bird Box | Crítica

Sabe aquele filme no qual você fica o tempo todo querendo descobrir a aparência da ameaça, mas que no final das contas, ela não aparece de jeito nenhum? Esse é Bird Box, nova produção da Netflix, que estreou no dia 21 de dezembro. Porém, essa ausência de forma ou rosto do perigo (ou quase ausência, já que temos um vislumbre) é proposital. Assim como em séries como Lost e The Walking Dead, Bird Box precisa de uma ameaça apenas para a história se desenrolar, uma vez que o foco são os personagens e suas personalidades. Àqueles que assistirem apenas ansiando ver as tais “criaturas” vão se decepcionar. O filme é dirigido pela premiada diretora Susanne Bier e conta com Sandra Bullock (Oito Mulheres e um Segredo), Trevante Rhodes (Predador), John Malkovich e Sarah Paulson.

Um dos melhores filmes já produzidos pela Netflix

E já que falamos dos personagens, vamos a eles. Malorie, a protagonista vivida por Sandra Bullock tem um desenvolvimento lindo, mudando o seu jeito de ver a vida e também o que ela espera dela. O seu ciclo dentro da história é tão bem fechado, que nos entrega um ótimo final feliz, mesmo para um enredo que nos leva a crer que teríamos um final triste.

Malorie é uma artista plástica, que parece não querer muita interação ou ligação emocional com outras pessoas, já que vem de um final de relacionamento complicado. A irmã a incentiva a engravidar, fato esse que acontece, mesmo Malorie não parecendo tão empolgada (inclusive nem querendo saber o sexo do bebê quando sua obstetra pergunta e considerando até mesmo deixá-lo para adoção).

Bird Box: Sandra Bullock e a diretora Susanne Bier

Ao sair da consulta, acompanhada de sua irmã Jessica (Sarah Paulson), Malorie descobre que as notícias que viram tempos atrás na TV estavam se tornando reais também na cidade onde vivem. Pessoas estavam se suicidando sem motivo aparente, e provocando um verdadeiro caos em todo o mundo. Sua irmã, que sempre era a otimista da família, também foi afetada, mas Malorie consegue se salvar, encontrando outros sobreviventes.

Aí temos a tal importância dos personagens que citei acima. Todos sabemos que o ser humano em situações extremas revela a sua verdadeira face. Reunidos em uma casa, e sem poder sair, já que os sobreviventes descobriram que as pessoas se suicidam depois de visualizar alguma “coisa” que está “lá fora”, vemos os momentos de interação entre todos, missões para buscar mantimentos, desertores e até novos integrantes chegando contra a vontade deles.

Bird Box: Malorie acaba mudando todo seu ponto de vista sobre a vida

Uma dessas novas integrantes, Olympia (que também está grávida), tem a função de desestabilizar o ambiente quando tudo está harmonioso. Mas não com má intenção, mas por ingenuidade. Ainda temos outros personagens que não são afetados pelas “criaturas”, mas mesmo assim, parecem se comunicar com elas, e desejando que outras pessoas também às “vejam”. Esse é mais um dos mistérios que não são explicados, mas que não atrapalham a experiência.

A narrativa de Bird Box é muito simples e intuitiva. A história se passa em duas épocas diferentes, que por meio dos cenários somos situados facilmente, como se estivéssemos em uma peça de teatro, na qual basta apenas um elemento para sabermos onde estamos.

Birb Box é um ótimo filme pós-apocalíptico. Aliás, temos um easter egg que menciona Jogos Vorazes e Maze Runner, para deixar bem claro que não é mais um filme “adolescente”. A nova produção da Netflix possui crescimento de personagens, que te cativam, mesmo sendo os mais singelos e com pouco tempo de tela. O tema de um grupo tentando sobreviver na marra depois de uma catástrofe parece batido, mas aqui foi comprovado que sempre podemos tirar algo novo de dentro da “caixa”. Para quem já estava começando a tachar as produções desse serviço de streaming como ruim, Bird Box surge como um verdadeiro alívio.

Veredito da Vigilia

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