AnimaçãoCríticaFilmes

BELLE é a Bela e a Fera do Metaverso

No dia 27 de janeiro de 2022, a Paris Filmes traz para o Brasil o longa-metragem animado BELLE, que estreou nos cinemas japoneses no dia 15 de julho de 2021, sendo exibido no Festival de Cannes do mesmo ano e que figura na lista dos pré-indicados ao Oscar de Melhor Animação, mesma categoria que o filme concorre no Prêmio da Academia de Cinema Japonesa. A direção da película é de Mamoru Hosoda, conhecido por Digimon Adventure: Our War Game! (2000), A Garota Que Conquistou o Tempo (2006), Guerras de Verão (2009),  Crianças Lobo (2012) e Mirai no Mirai (2018). 

A história de BELLE nos apresenta U, uma espécie de metaverso ou mundo virtual, no qual seus usuários criam seus AS, ou seja, os seus avatares, podendo viver da maneira que sempre desejaram. Reza a lenda (dentro daquele local ficcional) que tal mundo foi criado por cinco sábios, Os Vozes. E é lá que Suzu, uma garota que sempre foi radiante e apaixonada por música, mas que desde a morte de sua mãe se tornou triste e desmotivada, reacende o gosto pela música e se encontra por meio de seu “novo eu”, a BELLE.

Suzu solta a voz com seu avatar BELLE

Esse nome é escolhido pela garota por ser uma versão em inglês do seu nome (Suzu seria sino em japonês, por isso Bell). Mas conforme sua fama vai crescendo dentro dessa realidade virtual, sua alcunha é adaptada com o final “e” (BELLE). Do lado de fora do jogo, Suzu conta com a sua melhor amiga Hiro – que foi quem a apresentou ao U -; sua paixão de infância, mas que está mais para um amigo superprotetor, Shinobu; a garota mais linda da escola (e que serviu de inspiração para o visual de BELL) Luka e o atleta desajeitado Kamishin. São eles que vão auxiliar a garota em sua jornada na vida real e apoiá-la a superar os seus traumas.

Hiro e Suzu estão focados no jogo

De volta ao mundo de U, onde a trama realmente se desenvolve, percebemos aos poucos que o filme BELLE tem uma pitada da “Fórmula Disney”, contando com várias canções durante a história, sempre que um momento chave na jornada da protagonista acontece. E isso não é mera coincidência, uma vez que um novo personagem é introduzido na trama, o Dragão. O ser revoltado é apresentado ao espectador quando interrompe um show virtual de BELLE, que aos poucos vai se aproximando da criatura, que mais tarde começa a ser chamada de Fera. Isso mesmo: A BELLE e a Fera. 

A BELLE e a Fera

Assim como na história da Disney, o relacionamento dos dois começa com estranhamento e pouca reciprocidade, mas aos poucos vamos percebendo que aquela raiva toda, bem como os hematomas presentes no corpo da Fera eram, na verdade, um pedido de ajuda, de algum usuário que estava passando por maus bocados aqui no mundo real. Porém, não vai ser fácil ajudá-lo, já que Justin e a patrulha que procura manter a ordem dentro daquele ambiente virtual, querem a todo custo caçar e desmascarar o Dragão.

O Dragão está sendo caçado dentro do U

Na questão dos cenários, que são animados em uma mistura de 2D com 3D, o destaque vai para os locais onde temos algum rio ou qualquer ambiente com água. Os quadros estáticos e longos, com apenas um ou mais personagens se movendo, te hipnotizam e fazem você prestar atenção no mínimo movimento ou alteração naquela imagem. 

Shinobu, o amigo superprotetor de Suzu

Ah…e se você é fã de Digimon como eu, vai pegar alguns easter eggs, bem como notar a semelhança do mundo virtual de U com o local onde ocorreu a batalha entre Diablomon e Omnimon. Sem falar no traço vermelho em volta dos personagens, que também vimos no filme de 2000.

BELLE é um filme sensível, profundo e lindo ao mesmo tempo. Todas as músicas são muito bem elaboradas, sendo aquele tipo de canção que é agradável aos ouvidos e fica na mente. Os momentos em que os personagens superam os seus traumas, os enfrentam ou compreendem o porquê tal pessoa fez tal coisa, são muito emocionantes. Prepare a caixa de lenços de papel. Com certeza vai figurar entre aqueles longa-metragens animados que extrapolam o público que só consome animes, como são os casos de Your Name e A Viagem de Chihiro. 

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *