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Baki – Campeão | Crítica

Um anime declaradamente Shonen (com muita pancadaria e voltado para o público masculino). Esse é Baki – O Campeão, que adentrou o catálogo da Netflix em dezembro de 2018. Essa produção tem tão pouco compromisso de apresentar a história, querendo logo partir para a porrada, que começamos basicamente pelo fim. Isso mesmo! Pelo fim. O anime é baseado em um mangá, dividido em quatro arcos, e foi justamente o último deles que a Netflix nos trouxe. Um outro anime foi feito no início dos anos 2000, chamado “Baki – The Grappler”, e esse sim adaptou a história do personagem desde o início. Vale a pena assistir essa versão antes da adaptação da Netflix.

Mas por que a Netflix adaptou um mangá mostrando uma parte bem adiantada de sua história? Talvez seja pelo público-alvo, o tal do Shonen. Esse nicho quer ver mesmo é soco, chute e um protagonista f0d@o, vide Goku na franquia Dragon Ball. Baseado nisso, não houve grande preocupação em simplesmente lançar um anime para todo o mundo com uma história já “iniciada”.

Mas não ficamos totalmente perdidos, já que contamos com inúmeros flashbacks no decorrer da trama. Mas eles fazem mais sentido quando se assiste as primeiras temporadas. Porém, a relação entre os personagens, e principalmente a de Baki com o seu pai, não é dimensionada apenas com esses resgates.

Pois bem, em Baki – O Campeão, vemos o protagonista que leva o mesmo nome da série, um colegial de 17 anos, que é conhecido por todos os lutadores do Japão por ter vencido um torneio clandestino. Sua fama ainda ecoa pelo submundo da luta, já que a competição não ocorreu há muito tempo. Simultâneo a isso, vemos cinco criminosos no corredor da morte em diferentes partes do mundo fugirem e todos migrarem para o país oriental, buscando uma coisa em comum, mesmo sem nunca terem se encontrado antes: eles estão indo em busca da DERROTA.

Isso mesmo, derrota. Esses homens são lutadores natos e procuram um adversário que os faça beijar a lona. O jeito como os caras escapam já demonstra o que você vai encontrar assistindo esse anime. E se te incomodarem os cúmulos vistos em Baki – O Campeão, não se preocupe, pois a forçação de barra chega a beira do esdrúxulo, tirando até a graça de algumas lutas, que parecem não ter fim.

Durante as lutas, os limites da resistência do corpo humano são desafiados.

Este pode ser outro ponto negativo. Em 13 episódios, temos muitos dedicados para tão somente as lutas. Quando parece que elas vão acabar, aparece um plot-twist (bem palha) deixando um combate que iniciou muito bem, beirando o ridículo. O traço do anime é bem detalhado, assim como no mangá, deixando os duelos belíssimos, com exceção aos momentos em que a computação gráfica entra em ação, assim como vimos recentemente em Dragon Ball Super Broly, Batman Ninja e no remake de Berserk.

A computação gráfica empobreceu o belo traço do anime.

E o tal do Baki? o campeão? o protagonista? Então, quase não o vemos em ação. Talvez isso seja até um ponto forte do anime, que mostra um garoto de 17 anos sendo apenas um garoto de 17 anos. Com sua rotina na escola, descobrindo o amor, e essas coisas de adolescentes. Provavelmente veremos todo o seu potencial em uma segunda temporada.

Um dos raros momentos em que vemos Baki lutando nessa primeira temporada.

Baki – O Campeão é um Street Fighter forçado, mas que será apreciado pelos fãs de artes marciais, pois homenageia vários estilos de luta, e isso foi bem legal de ver na tela. Porém, você vai ter que assistir com aquele desprendimento da realidade, acreditando que a anatomia humana pode suportar tudo (tudo mesmo) em embates que não tem fim.

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