B: The Beginning | Crítica
Quem assistiu ao anime original Netflix, B: The Beginning, que estreou na sexta-feira, dia 2 de março, pode ter se sentido enganado. Isso porque nos vídeos promocionais foi vendida uma história policial, na qual um Serial Killer estava a solta e apenas as mentes mais inteligentes poderiam pegá-lo, lembrando até o enredo de Death Note (o anime, é claro). Pois você “achou errado, otário!” (INGÁ, Rogerinho).
B: The Beginning é muito mais do que apenas uma trama policial, contendo elementos sobrenaturais, profecias e vilões não “exatamente” humanos. E isso pode ser o seu maior defeito. Pode, justamente pelo fato de ser um anime confuso, que não sabe direito qual dos dois temas escolher, ora dando mais enfoque a uma história, ora a outra. Por mais que no final tudo se encaixe, encerrando de maneira simultânea em dois lugares (prova que eram duas histórias que não necessariamente se completariam), ainda assim faziam parte da mesma ideia.
Quer mais uma prova disso? Temos dois protagonistas e dois antagonistas (que depois de alguns viradas de roteiro acabam até trocando), que usam daquele velho clichê dizendo que um é a “sombra” do outro ou lados diferentes da mesma moeda. E o tal do serial killer, que tanto aparecia no trailer, é logo resolvido, esquecido e não era nada do que você estava pensando.
O ponto positivo da animação, que possui 12 episódios, são os personagens. Tanto os protagonistas quanto os antagonistas são caricatos (no bom sentido), marcantes e com características bem próprias. Um dos mocinhos (já que temos dois, mais especificamente) é Keith Flick, que lembra o Spike Spiegel do anime Cowboy Bebop. Um detetive que ficou recluso por anos, após a morte de sua irmã, e que volta a ativa para solucionar o caso do tal Killer B. O jeito como Flick raciocina, aparecendo o modo como funciona a sua mente é visualmente muito legal. O seu jeito desleixado, bem típico dos gênios, é bem retratado também. O outro protagonista é Koku, que possui uma motivação bem simples e poderes sobrehumanos. São dele as batalhas mais legais do anime. Aliás, as lutas são bem feitas, sempre utilizando de cenários escuros e detalhes com cores vibrantes, realçando os golpes de espada ou seja lá o que for. Claro, do lado dos mocinhos não poderíamos deixar de citar Lily Hoshina, alívio cômico de um enredo por vezes bem tenso. Foi uma grata surpresa B: The Beginning possuir uma dose de humor. Outra elemento que aposto que ninguém esperava. Pelo menos não tanto.
Do lado dos vilões, o grupo que realiza todas as barbáries é muito bem estilizado. Cada um com pinturas no rosto bem peculiares, que remetem a algo circense, como se fossem uma gangue de palhaços loucos para ver “literalmente” o circo pegando fogo. Mas não pense que apenas eles são os culpados da história. Não mesmo. Só pra não deixar passar em branco, nos últimos episódios temos a fatídica cena do policial desmascarando o grande mentor de toda aquela bagunça, enquanto um projetor fica passando cenas que denunciam o tal malfeitor. Poxa, nenhuma daquelas imagens parecem ter sido gravadas por uma câmera, inclusive, mostrando cortes com ângulos diferentes a cada minuto. Elas soam mais como lembranças do que gravações caseiras.
A verdade é que se criou grande expectativa em cima dessa produção, que é uma parceria entre o estúdio Production I.G. (de Psycho-Pass, Ghost In The Shell) e Netflix. Se não fosse um anime tão confuso, com todas as suas subtramas e conceitos que não servem de nada no final das contas, como a tal “profecia”, B poderia ser uma ótima animação.