Aladdin é o filme do gênio? | Crítica
Chegou a hora de falar mais uma vez de um clássico da Disney revisitado. Aladdin, dirigido e roteirizado por Guy Ritchie (Rei Arthur: A Lenda da Espada), conta a história do ladrão que vive em Agrabah e sonha com uma vida diferente. O longa é mais um na lista dos live-actions que iniciaram com Mogli: O Menino Lobo (Jon Favreau) e Dumbo (Tim Burton). Ainda este ano, teremos O Rei Leão, novamente com o diretor Jon Favreau.
Vivido pelo novato Mena Massoud, Aladdin dá nome e traz emoção ao filme. Mas, como era de se imaginar, Will Smith, na pele do Gênio da Lâmpada, rouba toda a cena. O longa podia se chamar “O gênio azul”. Fazendo, basicamente, um papel parecido com o de Hitch, O Conselheiro Amoroso (Andy Tennant, 2005), só que para jovens, ele é mentor e, por vezes, transforma Aladdin em seu próprio boneco de ventríloquo. O gênio consegue recriar o carisma do grande Rob Willians da primeira versão, porém, acaba protagonizando o filme e deixando todos os outros em segundo plano.
Marwan Kenzari é um Jafar chato, cansativo e nada profundo. Aí está a pior parte de todo o filme. Kenzari não tem nada de carisma. Todas as cenas com ele são irritantes e torcemos, do fundo do coração que elas acabem o mais rápido possível. Se você também se irrita com o papagaio/arara/ave que o acompanha na primeira versão, pode ter certeza que vai se irritar dessa vez novamente.
Naomi Scott como Jasmine repete sua atuação como Power Ranger Rosa, no novo filme dos Power Rangers. Sem surpreender, ela faz uma princesa firme, mas existe muito chão ainda para ela percorrer.
——— CONTÉM SPOILER ————
Contudo, o fato de Jasmine se tornar a nova Sutana, recebendo o título do seu pai e não precisando casar com um príncipe qualquer para perpetuar o título, é muito representativo. Afinal, mais uma vez falamos para as crianças que elas podem ser exatamente o que elas quiserem.
——— FIM DOS SPOILERS ———-
É da princesa Jasmine também a única música totalmente inédita, chamada de Speechless, ou Ninguém me cala – que é uma ótima música pop, mas fica totalmente fora do tom e da temática do filme. E no momento em que ela é cantada, parece uma música de uma dessas cantoras que poderiam estar sendo transmitidas nas mais pedidas da MTV. Ela fazendo o Thanos (de Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato) e fazendo todos os homens desaparecerem, ela personifica o meme da internet “sai hétero”.
Diferente do que aconteceu em Dumbo, Aladdin consegue ser mais próximo da sua primeira versão, assim como Mogli e A Bela e a Fera. Porém, não consegue se reinventar como O Retorno de Mary Poppins. A história emociona, consegue relembrar o passado e encantar os adultos que já conhecem a história e as crianças que estão sendo introduzidas ao mundo das Mil e Uma noites.
O figurino, as cores e as fotografias estão muito bem construídas. Vemos tudo o que tem no desenho original e muito, mas muito mais. Uma indicação ao Oscar pode surgir para o figurinista Michael Wilkinson.
Porém, se o roteiro acerta, a direção e a montagem deixam a desejar. Em algumas partes, as cenas eram aceleradas, dando um efeito muito esquisito à película. A aceleração não tinha sentido e parecia uma forma de resolver a coreografia de forma mais rápida e fácil.
Aladdin, de forma inteligente, bebe da fonte de Bollywood e traz uma atmosfera muito bem construída, mas peca em vários detalhes, como no ritmo do filme e no excesso de CGI. É um bom filme, mas que poderia ser ainda mais. Agora, nos resta aguardar por O Rei Leão.