CríticaFestival de CinemaFilmes

A Porta ao Lado discute relações… e vai te fazer refletir

Dizem que o século XXI é o século de questionar as relações. Na terça-feira, dia 16 de agosto, quinta noite de exibições do 50º Festival de Cinema de Gramado, a diretora Julia Rezende fez isso. Em A Porta ao Lado, vemos como a dinâmica de dois casais pode ser tão diferente e tão parecida.

Mari, interpretada excelente Letícia Colin, tem um casamento que parece tranquilo com Rafa (Dan Ferreira). Porém, eles recebem novos vizinhos e essa dinâmica começa a mudar. Isis (Bárbara Paz) e Fred (Túlio Starling) tem um casamento aberto, que chama a atenção do casal vizinho.

Julia Rezende acerta quando mostra esses dois estilos de casamento ao mesmo tempo. A escolha da diretora nos lembra que nenhum casamento é perfeito. A pessoa perfeita não existe. A relação perfeita também não. Minha mãe já diria que casamento é uma escolha que fazemos todos os dias. E, assistindo ao filme, temos certeza de que ela está certa.

Enquanto Mari está sufocada pelo amor e pelo dinheiro de Rafa, Fred está tirando um ano sabático com a grana de Isis. Mari e Isis guardam segredos. Rafa e Fred também. E A Porta ao Lado nos lembra que traição não é apenas o contato físico com outra pessoa, caso seu relacionamento seja fechado. O flerte nas redes sociais, a mentira, o não cumprimento de acordo. Tudo isso pode arruinar um relacionamento.

Letícia Colin e Bárbara Paz em A Porta ao Lado
Letícia Colin e Bárbara Paz em A Porta ao Lado

A Porta ao Lado acerta também nas cenas de sexo. Todas estão ali por serem necessárias. O filme consegue imprimir uma tensão sexual necessária, instigando o espectador. E não só essas cenas são ótimas. O enquadramento é muito bem feito, as câmeras mostrando como se fosse outra pessoa assistindo da janela do prédio da frente. O jogo de câmeras é interessante e explora os espaços.

Letícia Colin é o grande destaque do filme. Seus olhos expressivos, sua entrega, tudo isso forma uma Mari crível, existente, viva. Uma Mari que poderia ser eu ou você. Uma Mari que já esteve em relacionamentos ruins, fases péssimas, inseguranças. Túlio vai bem em seu papel. Quem destoa na atuação é Bárbara Paz, que até funciona no filme, mas faz aquilo que já conhecemos dela e Dan, que vive Rafa. Suas atuações medianas tiram um pouco do impacto do filme.

O trabalho de ambientação e fotografia é ótimo. Quando Mari goza, seu rosto se ilumina e todo o cenário também. Quando ela briga, tudo fica mais cinza. Os cenários, os apartamentos, tudo é construído para que a gente tenha vontade de entrar, ficar, se sentir parte daquele todo.

A Porta ao Lado é um acerto da diretora Julia Rezende, que já havia feito Depois a Louca sou Eu. Discutir relações e o poder delas é cada vez mais necessário. Vale a pena assistir!

Veredito da Vigilia

Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *